Em declarações à Lusa, à margem de uma conferência sob o tema "Que Porto queremos construir até 2025", Rui Moreira lamentou que a regionalização não tenha estado na agenda eleitoral, como era expectativa de vários autarcas do norte do país.
"Tenho muita pena, porque me esforcei com outros autarcas para inscrever isto. E aquilo que vejo, entre os partidos tradicionais, é claramente que o Bloco de Esquerda e o CDS são contra a regionalização, têm-no dito sempre. A CDU é única força política, do espetro principal, que quer a regionalização. O PS e PSD querem a regionalização quando não estão no poder. Quando estão no poder não a querem e, portanto, isto vai ter de ser mais uma vez do norte", defendeu, sublinhando que, no seu entender, a regionalização devia avançar já.
No mundo ideal, a regionalização não devia ser uma preocupação, mas, hoje, a criação de regiões é, talvez, "a única forma" de transformar o poder imaginado pelo cidadão num poder real, acrescentou o independente.
Moreira explicou que a falta de poder das autarquias para concretizarem os projetos e estratégias que os cidadãos esperam que sejam competências destas só pode ser resolvida com um processo de regionalização, alertando para o surgimento de situações que ocorrem noutros países, “como o separatismo, os conflitos e principalmente o populismo".
Para o presidente da Câmara do Porto, é agora que o país deve fazer reformas e não quando "há crise".
O independente referiu ainda que, no futuro, a cidade do Porto vai ser determinada pelo poder que tiver, considerando que esta questão não se resolve com competências metropolitanas, mas pela assunção por parte de autarquias de mais competências.
"Em Portugal continua a acreditar-se que tudo se consegue resolver através da legislação. Tem sido assim e não vai poder continuar a ser assim. Há que resolver o problema uma vez por todas. Até 2025, nós vamos ter de ter poder. Poder é uma coisa que ninguém nos vai dar, que exige compromissos (…) e que as pessoas não se esqueçam desse poder que nós temos e que nos representam cada vez que passam a ponte da Arrábida e vão até lá abaixo dar uma volta ou vão para o parlamento", frisou.
Questionado pela Lusa sobre se será candidato à Câmara do Porto nas eleições autárquicas de 2021, Moreira escusou-se a responder, dizendo apenas que podem contar com ele até 2021.
"Isso não é neste momento relevante. Espero que os oitos anos sejam suficientes. Se vir que não são suficientes continuarei. Disse já há dois anos e meio, antes de me recandidatar, que gostaria que surgissem pessoas para também trazer ideias novas", declarou à margem da conferência promovida pela Associação Cívica Porto, o Nosso Partido.
Para o autarca, o importante é que "este projeto independente" continue, porque, se assim não for, a cidade do Porto não consegue ir mais além.
"Temos todos os ingredientes, temos o diagnóstico feito, as coisas estão a correr bem e o nosso justo quinhão não está a ser repartido, não nos está a ser dado e isso não é lamúria. O que nos parece é que se nós queremos fazer da cidade do Porto mais alguma coisa para os que vão ter 18 anos em 2025, precisamos de poder. E, por isso, acho que a mensagem é que este movimento tem de continuar, comigo ou com outros", concluiu.
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