Depois dos estágios de observação, estreou-se com as cores lusas aos 17 anos, frente à Espanha. A última vez que jogou por Portugal foi em 2004. Desde então, colecionou campeonatos distritais, jogou quatro vezes a final da Taça Nacional e deixou a modalidade, durante cinco épocas, período em que foi mãe.
A chamada da ala/pivot, 34 anos, do Grupo Desportivo de Valverde, no concelho do Fundão, surpreendeu algumas pessoas, mas não quem tem acompanhado as exibições da única jogadora de uma equipa do interior do país no estágio de preparação da fase final do Campeonato da Europa, na Nazaré, que inclui dois jogos particulares com a Rússia, a formação a quem Rute Duarte marcou o único golo na seleção.
Cinco vezes internacional, recorda quando chegou pela primeira vez a um "grupo coeso", comandado por Carlos Silva. Depois do interregno de 14 anos, espera deparar-se com um coletivo "muito forte, muito restrito, com um leque de jogadoras com qualidade individual e coletiva, juntas há muito tempo e com a máquina oleada", mas, em declarações à agência Lusa, sublinha ter "uma palavra a dizer" a partir do momento em que foi convocada.
Pelos anos que passaram, vai ser "uma experiência diferente", também porque se trabalha atualmente de outra forma e espera adquirir novos conhecimentos. O grupo que conhecia "já não existe". Apenas partilhou o balneário com Cátia Morgado, no Fundão, e afirma não estar receosa.
"Tenho de aguardar para perceber se me veem como uma intrusa ou se me veem como uma inspiração, por ter 34 anos e estar ali", realçou, à Lusa, a militar da GNR, que, durante anos, alinhou na Boidobra e teve como primeiro treinador José Luís Mendes, agora adjunto na seleção.
O regresso da covilhanense à competição deveu-se à "teimosia e persistência" da treinadora, Catarina Rondão, que tinha o sonho de levar pela primeira vez uma equipa do distrito de Castelo Branco ao Campeonato Nacional.
Atingido o objetivo, o emblema de Valverde passou a ser alvo de observação dos técnicos nacionais e a treinadora considera a convocatória "uma questão de justiça".
"A Rute tem uma vontade de superação maior do que todas as outras, um espírito de sacrifício incrível, uma resistência às dificuldades muito grande, e daí ter estado aos 14 e estar aos 34", elogia Catarina Rondão, em declarações à agência lusa.
Em nome da paixão pelo futsal, sai de casa às 07:30, cuida do filho quando chega do trabalho e só regressa a casa às 02:00 da madrugada em dias de treino.
Teve convites para sair da região, nomeadamente do Benfica, mas "isso seria o mais fácil", deixar quem sempre a acompanhou. Também considera ter tido sorte com quem fez o percurso e a fez evoluir: José Luís Mendes, Joel Rocha, Bruno Travassos ou João Nuno Ribeiro.
"Temos tido sempre aqui pessoas muito competentes nesta modalidade. Trabalhamos com uma qualidade que muita gente não tem tido nos grandes centros", considera.
Durante esta semana espera desfrutar da experiência e absorver o mais possível, sem pensar no Campeonato da Europa, que se realiza em Gondomar, entre 15 e 17 de fevereiro, com a diferença que desta vez não vai ter o pequeno Francisco à sua volta no balneário.
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