“Na sequência das notícias dos últimos dias, que envolvem a SAD do CD Aves, a atual administração garante estar totalmente disponível para colaborar com a justiça no apuramento de responsabilidades, de modo a repor o seu bom nome. Atenta ao evoluir da situação, a SAD do CD Aves tinha já pedido uma auditoria externa ao exercício de administrações anteriores, que tem na sua posse e que está a ser analisada para eventual apuramento de responsabilidades”, lê-se em comunicado publicado no sítio oficial dos nortenhos na Internet.

Uma investigação publicada no sábado pelo jornal Público denuncia “acordos secretos” e “à margem da lei” entre Benfica e Desportivo das Aves para a troca de atletas, assentes em “negócios duvidosos, contratos com adendas leoninas e relações de subalternidade”, acentuados desde a compra de 90% da SAD nortenha pela empresa Galaxy Believers.

Os dois clubes primodivisionários abriram uma “conta corrente oficiosa” e o Aves chegou a dever “dois milhões de euros em direitos económicos de passes de jogadores”, numa dívida que estará agora nos 786.500 euros, enquanto os ‘encarnados’ cediam atletas sem “custos aparentes”, mas com “contratos lesivos” para a formação de Santo Tirso.

“A atual administração sublinha ainda que a sua gestão ao longo da presente temporada foi muito penalizada por força da herança recebida das gestões anteriores, que acabaram por condicionar as verbas que planeava aplicar não só na construção do plantel, como no desenvolvimento das estruturas do clube. Como tal, a administração reserva o seu direito de apurar responsabilidades através dos competentes meios legais”, termina a nota.

Ao Público, o Benfica frisou que “tem contas correntes com todas as SAD com quem tem relações comerciais, assim como contas correntes com os seus fornecedores e clientes” e defendeu que os contratos firmados com outras SAD ou empresas “estão sujeitos a regras de confidencialidade”, desconhecendo a empresa que controla a sociedade avense.

Além de Vitória de Setúbal, Paços de Ferreira e Marítimo, Aves e Benfica foram visados na Operação Mala Ciao, desencadeada em 25 de junho de 2018 e baseada numa alegada compra de passes de jogadores das ‘águias’, como forma de contrapartida de corrupção desportiva e pagamento de incentivos a equipas adversárias para vencer o FC Porto.

O jornal Público lançou hoje a segunda parte da investigação e afirma que Luís Duque, antigo presidente da Liga de clubes e ex-conselheiro do então administrador avense Luiz Andrade, terá ordenado a destruição de registos contabilísticos da SAD no final da época 2016/17, que consumou o regresso dos nortenhos ao principal escalão nacional.

De acordo com uma auditoria independente às contas da sociedade em 2017/18, o advogado terá ainda recebido na sua conta uma transferência não justificada de 40 mil euros dos avenses, além de ter efetuado com Luiz Andrade depósitos em numerário de 225 mil euros na tesouraria da SAD, entre agosto e dezembro de 2017.

Luís Duque admitiu ter recebido essa verba, justificando-a como o um reembolso de um montante idêntico que diz ter caucionado por cheque à SAD avense para a contratação do defesa Nélson Lenho, ao Desportivo de Chaves, mas negou os depósitos no Aves, enquanto o empresário brasileiro frisou não se recordar das entregas em dinheiro vivo.

Constituída em agosto de 2015, com 70% do capital na posse da Galaxy Believers, a SAD do Desportivo das Aves foi dirigida por Luiz Andrade até junho de 2018, antes de passar para as mãos do chinês Wei Zhao, que já era acionista maioritário do grupo de investidores, a par do compatriota Hongmin Wang, e ficou com 90% das ações.

Os restantes 10% são detidos pelo clube, que conhecerá o sucessor de Armando Silva em 27 de junho, numas eleições que terão pela primeira vez duas candidaturas, encabeçadas por António Freitas e Joaquim Neves, numa altura em que os nortenhos estão na última posição da I Liga, com 13 pontos em 25 jornadas, nove abaixo da zona de salvação.

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