O estudo, a cargo da Universidade de Manchester, Inglaterra, refere que 41 por cento dos 13.876 futebolistas que responderam ao questionário tiveram salários em atraso nas duas últimas épocas.

Segundo a FIFPro, o inquérito não abrange jogadores de Portugal, Inglaterra, Espanha, Alemanha, Holanda, Argentina ou México, por não terem sido recolhidas informações suficientes naqueles países.

“Isto serve para despertar os clubes e os dirigentes. Não podemos aceitar esta situação”, comentou o secretário-geral da FIFPro, Theo van Seggelen.

O mesmo estudo também mostra que quase dez por cento dos jogadores já foram alvo de violência, 16 por cento receberam ameaças e sete por cento foram abordados para falsear resultados.

Na temática da violência, mais de metade dos que admitem terem sido alvo de violência (51 por cento) dizem já terem sido agredidos por adeptos, 25 por cento por colegas de equipa e 12 por cento por dirigentes ou treinadores.

A média de salários oscila entre os 1.000 e os 2.000 dólares (entre os 940 e os 1.900 euros), embora 60 por cento tenha respondido que recebe mais de 2.000 dólares por mês.

A FIFPro recorreu ao exemplo do internacional nigeriano Michael Uchebo, que se queixa de não receber salários do Boavista desde abril, situação que já motivou a mediação do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).

Para o sindicato internacional, Uchebo ilustra o drama dos salários em atraso.

Uchebo e Boavista ainda não chegaram a acordo para a rescisão do contrato e o jogador queixa-se de salários em atraso desde abril e já avançou com um processo judicial para os tribunais e apresentado uma queixa formal na FIFA, estando impedido de treinar.

Segundo as normas da FIFA, um clube não pode estar em situação de incumprimento salarial até 90 dias. Neste inquérito, 76 por cento dos jogadores referem que as verbas em atraso foram pagas dentro desse prazo.

Sobre esta matéria, a FIFPro pretende reduzir o prazo de incumprimento para 30 dias.

“Nem todos os jogadores têm três carros de cores diferentes. São seres humanos normais que merecem ser pagos a tempo e horas, porque também têm filhos e contas para pagar”, frisou Van Seggelen.