Para o canoísta campeão mundial e medalhado olímpico Fernando Pimenta, a parte psicológica “é das mais importantes, se não a mais importante” para a conquista de títulos.
Fernando Pimenta falava durante um seminário ‘online’ sobre saúde mental no desporto, iniciativa organizada hoje pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), pelo Ministério da Saúde e pelo Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol.
Recorrendo a exemplos pessoais, o canoísta explicou que as “ferramentas” que levou para os Jogos Olímpicos (JO) de Tóquio este verão permitiram chegar ao bronze em K1 1000 metros, quando podia ter ficado “em quarto lugar”.
“Houve competições em que não fui segundo porque desacreditei ao ver que já não ganhava e a competição tinha deixado de ter o entusiasmo de quando lutamos pelo titulo. Nos jogos olímpicos mantive a luta e consegui o bronze”, referiu.
E confessou ainda que é acompanhado por um psicólogo desde criança e que pensou em não participar nos mundiais de canoagem este ano, mas que nessa altura entrou o trabalho do psicólogo e treinador.
Fernando Pimenta contou ainda que teve de gerir a expectativa em ser pai, um objetivo estabelecido para 2020 [e que se concretizou], mas que o adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021 fez pensar que teria de ser adiado.
Também a judoca Joana Ramos explicou a gestão das expetativas que viveu entre 2020 e 2021, devido ao adiamento dos JO quando o projeto de vida [de ser mãe] e a carreira desportiva entraram em conflito.
“[Após o adiamento dos JO] Parecia que a chama olímpica se tinha apagado. Já não queria competir. Tive que falar com os meus treinadores, e assumir que apesar de não ter uma lesão física não estava bem do ponto de vista mental e ninguém me podia obrigar a entrar numa competição. Pedi ajuda ao psicólogo, nutricionista e fisiologista e desbloqueei a situação”, referiu a judoca.
Também Lorene Bazolo apontou a “saúde mental” como fundamental e que tem de estar “em sintonia” com a física.
“Nos JO tive uma situação pessoal que me fugiu do controlo. Consegui, no momento certo, pedir ajuda e atingir os objetivos que tinha, de passar às meias-finais. Se não tivesse pedido ajuda podia ter corrido mal”, explicou a atleta natural do Congo mas naturalizada portuguesa.
Bazolo salientou ainda que sempre teve de gerir a saúde mental, porque foi uma atleta que chegou mais tarde que o normal à modalidade, mas que isso não a impediu de se afirmar como velocista e bater o recorde nacional de 100 e 200 metros.
O ‘webinar’ contou ainda com a participação de Ana Ramires, psicóloga do Comité Olímpico de Portugal (COP), do diretor do Programa Nacional de Saúde Mental, Miguel Xavier, além de Pedro Teques, em representação da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e do Sindicato dos Jogadores.
A partir do dia 10 de outubro, domingo, altura em que se assinala o Dia Internacional da Saúde Mental, vai ser lançada uma campanha nacional e durante o ano vão ser realizadas ações nesta área com a participação de atletas com o propósito de tornar estes como “desbloqueadores de conversa para a saúde mental”.
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