“O apelo gritante de sete judocas traduz-se na preocupação daquilo que se tem vivido e presenciado no judo nacional nos últimos tempos. Não são apenas sete, mas foram estes sete com coragem para ‘dar a cara’ pelo judo nacional, por aqueles que não têm força, nem voz para se expressar. São sete que se sujeitam à pressão emocional, à opinião pública numa altura em que decorre a corrida aos Jogos Paris2024”, escreveu Ana Hormigo na sua página na rede social Facebook,

A antiga judoca, que é treinadora do Benfica, garante que os sete signatários - Telma Monteiro, Bárbara Timo, Rochele Nunes, Patrícia Sampaio, Catarina Costa, Anri Egutidze e Rodrigo Lopes – “contribuem para o sucesso do judo, tendo somado mais de 60 medalhas para o país, entre 2017 e 2022, das quais 21 em Campeonatos da Europa e do Mundo”.

Segundo Ana Hormigo, “neste momento os atletas vivem de consequências, de obrigações, no cumprimento e incumprimento de regras”.

“Estão exaustos, não querem estar sujeitos a um sistema que nem se digna a ouvi-los”, escreveu.

A selecionadora assegura que os “atletas não estão contra os treinos de seleção, nem contra o local dos mesmos” e que “não querem treinar menos, mas sim melhor”, e considera essencial entender que a “rotina está desajustada à realidade pós-pandémica”.

“Temos de continuar a encontrar soluções e ir ao encontro das necessidades destes atletas, temos de garantir qualidade de treino, temos de garantir parceiros de treino que lhes causem desconforto, adversários do mesmo nível competitivo ou superior. Os estágios internacionais não podem ser considerados caprichos, mas sim um veículo para evoluir. Cada atleta tem a sua especificidade e particularidade, princípios que não podem ser descuidados”, afirma.

Na carta, sete dos 10 atletas do projeto olímpico da modalidade, são muitas as críticas ao presidente da Federação Portuguesa de Judo, Jorge Fernandes, acusado de discriminação e ameaças, no que dizem ser um “clima insustentável e tóxico”.

Um dos pontos reiteradamente apontado pelos judocas, cinco dos quais são atletas do Benfica, é a necessidade de efetuarem 70/80% dos 52 estágios em Coimbra, o que, segundo os mesmos, lhes causa “desgaste emocional” e impede de “participar em estágios internacionais e treinar com os melhores”.

Entretanto, Jorge Fernandes rejeitou as críticas que lhe são feitas pelos sete judocas olímpicos, assinalando que existe um modelo para a competição e que o mesmo é para seguir.

“Isto é um modelo, não são eles que mandam. Fui eleito, temos um plano, temos as normas, temos um regulamento e têm que cumprir. Não é porque os atletas, meia dúzia se juntaram, e dizem agora ‘não queremos ir treinar’”, disse Jorge Fernandes à agência Lusa.

O secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Correia, vai reunir-se com os judocas, com o presidente da Federação de Judo e com o presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, no sentido de promover “diálogo” na modalidade e “tendo em vista a salvaguarda da preparação olímpica Paris2024”.

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