Às 19h45 o Benfica pisa o relvado do Signal Iduna Park, na segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Na Luz, há duas semanas, os encarnados receberam e venceram os alemães do Borussia Dortmund por 1-0, com um golo de Mitroglou.
Os comandados de Thomas Tuchel dominaram o jogo. Quase o triplo dos remates, mais ocasiões criadas, mais posse de bola, mais eficácia de passe. Mas o Die Borussen esbarrou numa tremenda exibição do guarda-redes brasileiro Ederson, num Luisão agigantado por cumprir o jogo 500 de águia ao peito e um ponta de lança grego que não é muito dado a tragédias e que aproveitou uma bola perdida para sentenciar um jogo e dar possibilidade às águias para sonhar.
O golpe no teatro de Anfield foi há 11 anos
Há 11 anos, o Benfica preparava-se para entrar em Anfield Road para defrontar o Liverpool, também na segunda-mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Embalados para o jogo depois de uma vitória por 1-0 na primeira mão em Lisboa (Luisão marcou aos 84 minutos), os pupilos orientados, na altura, pela antiga glória holandesa Ronald Koeman, preparavam-se para contrariar todas previsões que antecipavam uma reviravolta na eliminatória pelos reds de Rafael Benítez.
Apesar da vitória na primeira-mão, se alguém podia virar o resultado era o Liverpool de Benítez, campeão europeu na época anterior, e que tinha erguido o troféu após uma reviravolta histórica contra o AC Milan (os italianos venciam por 3-0 ao intervalo, acabaram por ser derrotados pelos reds no desempate por pontapés da marca de grande penalidade).
Mas o Benfica chegou e teve um noite de glória europeia como há muito não se via, acabando por vencer o encontro por 0-2 com um golo do capitão Simão Sabrosa, e outro, nos instantes finais da partida, de Fabrizio Miccoli.
A história de hoje teve o mesmo início, e os comandados de Rui Vitória esperam contrariar o favoritismo de uma equipa grande que aposta todas as fichas da época na liga milionária.
O Benfica vai defrontar, esta noite, a terceira equipa com mais golos na competição - 21! -, e os autores da goleada história (8-4) frente ao Legia de Varsóvia, na fase de grupos. O presente é razão para a defesa encarnada se colocar hirta. Já o passado, é assombroso. No único resultado em Dortmund, em 1963/64, a equipa da Luz, que tinha estado nas três anteriores finais da Taça dos Campeões, também chegou à Alemanha em vantagem (2-1), mas acabou goleada de forma expressiva (0-5).
Mas o Benfica tem argumentos. A equipa encarnada leva consigo uma preciosa vantagem tendo em conta a sua história europeia, já que, após 13 triunfos caseiros por 1-0, apenas foi eliminada uma vez, pelo Anderlecht, na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões de 2004/05, ao perder por 3-0 em Bruxelas.
Mas que equipas se vão defrontar esta noite?
Numa parceria com o site Goalpoint.pt, o SAPO24 analisou as duas formações que procuram alcançar a glória europeia de outrora.
A formação portuguesa chega a este duelo em melhor forma: cinco vitórias em cinco jogos. Os alemães conseguiram recuperar de duas derrotas seguidas, uma delas frente ao Benfica, e chegam ao encontro da segunda mão com três vitórias seguidas.
Na Liga dos Campeões, os números agigantam o Borussia em todos os comparativos. O Die Borussen remata mais, permite menos remates, é mais eficaz nos passes para ocasião, conquista mais cantos, comete menos faltas e tem mais posse de bola. Nos números que decidem, os alemães voltam a superar as águias: mais ocasiões flagrantes e mais golos por jogo (quase o dobro que os encarnados).
Já o SL Benfica, tímido em números, tem encarado os jogos nesta competição de forma cínica e cautelosa, jogando muitas vezes em contra-ataque, quebrando os ataques adversários recorrendo, muitas vezes, à falta, e apostando na coesão defensiva, tão elogiada por Pep Guardiola, que defrontou as águias na temporada passada e classificou a sua defesa como sendo “digna de Sacchi” (referindo-se a Arrigo Sacchi, histórico treinador do AC Milan, vencedor de duas Ligas dos Campeões ao serviço do clube italiano).
Na prova, há duas figuras que sobressaem claramente nos conjuntos português e alemão: Ederson, nos encarnados e Gonzalo Castro, no clube de Dortmund.
O guarda-redes brasileiro do Benfica impressionou na primeira-mão. Pierre-Emerick Aubameyang foi o ‘espelho’ desta exibição pela forma como não conseguiu materializar uma série de ocasiões claras, incluindo uma grande penalidade, detida pelo inultrapassável Ederson.
Gonzalo Castro, médio alemão, tem sido dono e senhor do ‘miolo’ do Borussia. No encontro da primeira-mão não foi opção inicial para Tuchel, mas pode ser um trunfo enorme para a equipa da casa. Na prova milionária soma um golo e uma assistência.
Os onzes, lado a lado
O embate fica também marcado por grandes ausências, dos dois lados. No Borussia Dortmund, Gotze, a quem foi diagnosticado uma miopatia (um problema de metabolismo que tem levado a que se fale mesmo no fim da carreira do jogador), Reus e Bender, os capitães de equipa e Sebastian Rode não pisarão o relvado do Signal Iduna Park.
Do lado do SL Benfica, a principal ausência é o sérvio Fejsa, sendo também certo que Grimaldo e Lisandro López são ausências.
Contas feitas, é provável que os onzes que logo à noite entrem em campo sejam os seguintes:
No Benfica, Nélson Semedo regressa à equipa titular após ter cumprido um jogo de suspensão no campeonato. O lugar deixado vago por Fejsa deverá ser ocupado por Samaris. Zivkovic, no lado esquerdo do ataque, e Jonas deverão estrear-se nesta edição da Liga dos Campeões. O sérvio tem-se afirmado no onze titular, e Jonas… é Jonas, não é? O brasileiro apenas não jogou mais cedo porque passou grande parte da época lesionado.
No Borussia de Dortmund, Pulisic deve entrar para ocupar a vaga livre no ataque deixada por Reus. Gonzalo Castro e Ginter deverão ser o rosto da pequena revolução no onze em busca da reviravolta na eliminatória.
Dados lançados, resta saber como sairá o clube português de mais uma noite europeia: emulando a glória de Anfield, de há 11 anos atrás, ou saindo de cena contra uma das mais entusiasmantes equipas da Europa.
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