Ferro Rodrigues, em declarações no parlamento, afirmou também que "não pode ficar impune quem deu passos" no sentido da existência de "ódio, fanatismo e corrupção" no desporto, acrescentando que o ocorrido "ofende o país", referindo-se à "perversidade autoritária e totalitária" de dirigentes desportivos e "alguma comunicação social fanática".
"Não se trata de um mero caso de polícia. É uma situação gravíssima, que ofende os portugueses, o desporto e o país pelas repercussões internacionais que já teve e que ofendeu fisicamente um conjunto de profissionais que, ao longo de muitos anos, se bateram pelas cores do clube que representam", disse.
Para o segundo magistrado da nação, "numa situação como esta, pior será deixar tudo na mesma" e "tem de haver medidas sérias, doa a quem doer, ao nível do Sporting Clube de Portugal, da FPF e do Governo português".
Ferro Rodrigues lembrou que já tinha alertado para a "perversidade autoritária e totalitária de dirigentes, em mistura com uma comunicação social fanática, que gosta de explorar até ao pus tudo que acontece ao sábado e ao domingo nos campos de futebol e também aquilo que são claques - ou membros de claques - organizadas como grupos terroristas e que têm de ser tratadas como tal".
O Presidente da Assembleia da República, que citou explicitamente diversas "intervenções extraordinárias, entre aspas" por parte do atual líder leonino, Bruno de Carvalho, declarou em seguida que "não pode ficar impune quem deu passos decisivos para que a situação gravíssima tivesse acontecido".
"Estou a falar de todos aqueles que contribuem para aquilo que tem sido o ódio, a violência, o fanatismo, a corrupção no futebol português. Não são só de um clube, são de vários", esclareceu depois o também sócio do Sporting há 68 anos, apelando ainda às autoridades judiciais para que "investiguem e bem os dirigentes desportivos".
Sobre a realização da final da Taça de Portugal de futebol, marcada para domingo, no Estádio Nacional, Ferro Rodrigues remeteu a decisão para a FPF, mas adiantou que não o chocaria que o jogo entre Sporting e Desportivo das Aves fosse realizado à porta fechada ou na Vila das Aves.
A GNR anunciou hoje que efetuou 23 detenções, apreendeu cinco viaturas e recolheu depoimentos de 36 pessoas, entre jogadores, equipa técnica, funcionários e vigilantes ao serviço do Sporting, na sequência da invasão à academia do clube, em Alcochete.
Durante a tarde de terça-feira, cerca de meia centena de indivíduos, de cara tapada, alegadamente adeptos ‘leoninos', invadiram a Academia de Alcochete e, depois de terem percorrido os relvados, chegaram ao balneário da equipa principal, agredindo vários jogadores, entre os quais Bas Dost, Acuña, Rui Patrício, William Carvalho, Battaglia e Misic e outros membros da equipa técnica.
A equipa principal do Sporting cumpria o primeiro treino da semana, depois da derrota no terreno do Marítimo (2-1), que relegou a equipa para o terceiro lugar da I Liga, iniciando a preparação para a final da Taça de Portugal.
[Notícia atualizada às 17:42]
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