Numa carta enviada a Jaime Marta Soares, esta quinta-feira, Mário David (ao centro na fotografia) diz-se "horrorizado, estupefato e envergonhado” com aquilo que diz ter sido feito por  “um bando de energúmenos e criminosos” na Academia de Alcochete. “Penso que eram seguramente meliantes a soldo de determinados interesses internos e/ou externos ao Sporting. Foi hediondo e cobarde”, acrescenta o social-democrata no documento a que o SAPO24 teve acesso.

Mário David diz ter acompanhado as últimas semanas do clube de Alvalade com apreensão, também por causa de “posts menos felizes mas com impacto negativo” na vida do Sporting. Porém, explica, “a gota de água foram as acusações de corrupção, primeiro no andebol, depois no futebol”.

“Afinal somos iguais aos outros que criticamos?”, questiona. “Óbvio que respeito o princípio da presunção de inocência, mas acredito que os indícios e as medidas de coação tomadas por instituições em que confio e respeito, são demasiado violentas, graves, penosas e ultrajantes para o nosso Sporting.”

"Pela primeira vez em seis décadas, em que as sucessivas frustrações eram apenas sublimadas pela paixão clubista, sinto o perigo de o nosso Sporting Clube de Portugal poder sofrer danos irreparáveis nos seus ativos, que vão condicionar a nossa dimensão e evolução durante largos anos, para mais quando assistíamos a uma importante recuperação financeira e também de prestígio internacional”, escreve o membro demissionário do Conselho Leonino, apresentando, assim, “com enorme mágoa”, a demissão e “apelando à demissão imediata de todos os Órgãos Sociais”.

A Polícia Judiciária deteve quatro pessoas na quarta-feira, incluindo o diretor para o futebol do Sporting, André Geraldes, e efetuou buscas na SAD do Sporting, em Lisboa, por “suspeitas de corrupção ativa”, no âmbito de uma operação denominada 'Cashball'.

Entre os detidos, para além do diretor para o futebol do Sporting, estão os empresários Paulo Silva e João Gonçalves, além de Gonçalo Rodrigues, igualmente funcionário do clube leonino.

Recorde-se que também esta semana a GNR deteve 23 dos atacantes e as reações de condenação do foram generalizadas e abrangeram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa.

Face às críticas, Bruno de Carvalho negou hoje, em comunicado enviado à Lusa, qualquer responsabilidade pelo ataque na academia, rejeitou demitir-se da presidência do Sporting e anunciou que vai processar Ferro Rodrigues, bem como comentadores e jornalistas por o terem “difamado e caluniado” após os atos de violência em Alcochete.

Entretanto, a Mesa da Assembleia-Geral demitiu-se em bloco, incluindo Jaime Marta Soares, vários membros do Conselho Fiscal e Disciplinar renunciaram aos cargos e parte do Conselho Diretivo também se afastou, enquanto o empresário Álvaro Sobrinho, patrão da Holdimo, detentora de 30% das ações da SAD do Sporting, pediu a demissão da direção.