“Quando ele entrou, tinha parte da cara tapada com um cachecol, reconheci-o pelos olhos, era o Ruben Marques, ele andava comigo na escola”, afirmou o jogador, de 20 anos, ouvido via Skype, durante a 26.ª sessão do julgamento da invasão à academia.

Rafael Leão, que à data dos factos vivia na academia e frequentava uma escola em Alcochete, explicou que Ruben Marques passou por ele dentro do balneário, não lhe dirigiu a palavra e “bateu no Misic com um cinto”, acrescentando que depois nunca mais o viu durante a invasão.

O jogador referiu que estava no ginásio quando começou a ver “muitas pessoas com lenços a taparem o nariz, que acabaram por entrar no balneário”.

“Não sei quantos eram, mas era muita gente, 50, talvez. Começaram a insultar e a ameaçar, dizendo: ‘Vamos matar-vos. Vão morrer hoje’”, afirmou.

Rafael Leão explicou que alguns jogadores “foram agredidos no peito e na cara”, acrescentando que havia “quatro ou cinco agressores de volta de cada um”.

O avançado dos italianos do AC Milan referiu que depois da invasão, a que no início da audição chamou “atentado”, os jogadores não quiseram falar com o então presidente, Bruno de Carvalho, que, entretanto, chegou à academia.

“Na sala de jogos, o Rui Patrício perguntou se os jogadores queriam falar com o presidente. Nós todos estivemos a conversar e decidimos não falar com o presidente”, disse.

O jovem jogador, que ainda está em litígio com o Sporting após ter rescindido o contrato, afirmou só se ter apercebido que o avançado holandês Bas Dost tinha sido ferido na cabeça “depois de eles terem saído”.

A 26.ª sessão, durante a qual foram ouvidos como testemunhas vários membros da claque Juventude Leonina, ficou marcado por mais uma observação da juíza, Sílvia Rosa Pires, ao advogado de Bruno de Carvalho, Miguel Fonseca, que foi impedido de inquirir diretamente Rafael Leão.

O julgamento da invasão à academia do Sporting, em Alcochete, que decorre no tribunal de Monsanto, prossegue na sexta-feira com a audição de Frederico Varandas, atual presidente do clube e chefe do departamento médico dos ‘leões’ à data dos factos.

O processo tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.

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