Romain Salin, atualmente ao serviço do Rennes, de França, testemunhou por Skype na 21.ª sessão do julgamento da invasão à academia ‘leonina’, em 15 de maio de 2018, com 44 arguidos, incluindo o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.
Salin explicou, com recurso a um intérprete, que, entre 20 a 40 “encapuzados” entraram no balneário e que os primeiros se dirigiram aos então capitães Rui Patrício e William Carvalho, assumindo não ter presenciado agressões físicas, pois “foi tudo muito rápido, havia fumo, gritos e barulho”.
“O balneário estava completamente cheio de gente e com fumo por todo o lado”, descreveu o guarda-redes, que referiu ainda ter ouvido insultos e visto “um garrafão de 15 litros de água a voar”.
A testemunha relatou que tentou colocar-se entre os invasores e os dois colegas de equipa, mas que só conseguiu travar um dos elementos, o qual viria a “acalmar-se” depois de conversarem.
Após o ataque, afirmou ter visto três pessoas com ferimentos: o avançado holandês Bas Dost “com uma cicatriz na cabeça”, o treinador Jorge Jesus, “que sangrava do nariz”, e um dos fisioterapeutas, que tinha “um hematoma” na face.
Salin revelou que após o ataque “teve uma branca” e que fez “por esquecer muita coisa, pois a vida continua”.
O guarda-redes admitiu que não sentiu “verdadeiro medo” durante a invasão à academia, mas tal viria a acontecer posteriormente, sobretudo antes e durante os jogos, “com receio e pressão de não agarrar a bola”.
Questionado sobre se alguma vez disse que não queria falar com o então presidente Bruno de Carvalho, logo após o ataque, Salin respondeu que "não disse nada disso”.
O julgamento prossegue na sexta-feira de manhã com a inquirição, por videoconferência, de Ruben Ribeiro, atualmente ao serviço do Gil Vicente. Para a tarde, está previsto o testemunho de Gelson Martins, agora jogador do Mónaco, mas ainda carece de confirmação.
O processo, que está a ser julgado no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.
Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à academia, o Ministério Público imputa-lhes a coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Estes 41 arguidos vão responder ainda por dois crimes de dano com violência, por um crime de detenção de arma proibida agravado e por um crime de introdução em lugar vedado ao público.
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