Jokić com sorriso amarelo

À entrada para esta temporada, Nikola Jokić apareceu diferente. Mais magro, mais disponível fisicamente, claramente motivado depois da boa prestação dos Denver Nuggets na «bolha» de Orlando. Os números traduzem isso mesmo. O "Joker" soma médias de 25.1 pontos (17.º da NBA), 11.4 ressaltos (7.º), 10.0 assistências (3.º) e 1.9 roubos de bola (10.º). Sim, Jokić está com média de triplo-duplo no primeiro mês da nova época e liderou o ranking das assistências até há poucas noites, o que é um feito assinalável para alguém que joga na posição de poste.

Ainda assim, as exibições extraordinárias do sérvio não têm reflexo direto no desempenho da equipa do Colorado, que divide por vitórias e derrotas os 14 jogos já disputados. Se muitos apontam o dedo ao rendimento inconstante de Jamal Murray ou à ausência de Michael Porter Jr. em dez dos 14 jogos por causa da COVID-19, a verdade é que há problemas mais graves na equipa treinada por Mike Malone. A começar (e a acabar) na defesa, que se tem ressentido das saídas de Jerami Grant para os Detroit Pistons e de Torrey Craig para os Milwaukee Bucks.

Os Nuggets ocupam o 24.º lugar do ranking da eficiência defensiva, entre as 30 equipas da liga, com 111.3 pontos sofridos por cada 100 posses de bola. São ainda 25.º na eficácia de lançamento permitida aos adversários (47.9%), 25.º na eficácia de triplos lançados pelos adversários (38.5%), 23.º nos pontos sofridos após turnovers (18.8/jogo), 19.º nos pontos sofridos na área restritiva (47.0/jogo), 24.º nas bolas perdidas recuperadas (6.0/jogo), 23.º nas faltas atacantes provocadas (0.43/jogo) e 27.º no número de lançamentos contestados (48.6/jogo).

Paupérrimo.

O registo de sete vitórias e sete derrotas neste arranque de época deixa os Nuggets na 10.ª posição da conferência Oeste, num ano em que a fase regular é mais curta e em que apenas os seis primeiros classificados têm garantia de presença nos playoffs. Jokić está a jogar a um nível que o coloca na conversa para MVP, mas precisa que a equipa o acompanhe para validar a candidatura. Se a equipa técnica não colocar o conjunto de Denver a defender um pouco mais ou se o «front office» não for ao mercado para colmatar as lacunas do plantel, todo o esforço do poste será infrutífero.


Ouça aqui o episódio desta semana do Bola ao Ar, podcast sobre NBA produzido pela MadreMedia e apresentado por João Dinis e Ricardo Brito Reis:


Utah Jazz dão música «for real»

A equipa orientada por Quin Snyder quer assumir-se como uma formação de topo da conferência Oeste e está a prová-lo não só dentro das quatro linhas, mas também nas colunas de vitórias/derrotas, já que detém o terceiro melhor registo de toda a NBA (10V-4D), apenas atrás dos dois conjuntos de Los Angeles. Os Jazz são equilibrados nos dois lados do campo e estão no top-10 das eficiências ofensiva e defensiva - 8.º melhor ataque e 6.ª melhor defesa da liga -, algo que, para além da equipa de Salt Lake City, só os Lakers se podem gabar.

Uma das imagens de marca destes Jazz é a capacidade anotadora da linha dos três pontos, pois lideram o ranking das equipas com mais triplos marcados (média de 16.5 triplos por jogo), são 3.º nos lançamentos exteriores tentados (41.1/jogo) e têm a 3.ª melhor eficácia a lançar de longe (40.1%). Não têm atletas no top-20 dos melhores marcadores da NBA mas contam com seis atletas com média superior a 10 pontos por jogo (Donovan Mitchell, Jordan Clarkson, Mike Conley, Bojan Bogdanovic, Rudy Gobert e Joe Ingles), o que prova o coletivismo da equipa.

Snyder é, no entanto, um treinador que valoriza mais a defesa do que o ataque e o poste francês Rudy Gobert - 3.º melhor ressaltador da NBA (13.6) e 3.º no ranking dos desarmes de lançamento (2.7) - é a âncora e o símbolo dos bons desempenhos nesse lado do campo. São a 3.ª equipa que menos pontos sofre (média de 105.1/jogo), obrigam os adversários à 3.ª pior eficácia de lançamentos de campo (43.7%) e à 5.ª pior eficácia de três pontos (34.3%), e limitam o número de assistências dos adversários a apenas 22.2 por encontro (3.º melhor registo da liga).

E, para além do poder de fogo e da defesa coletiva, os Utah Jazz estão apenas atrás dos Atlanta Hawks no ranking dos ressaltos, com 49.6 ressaltos conquistados por partida, com seis atletas com mais de 4 ressaltos por jogo.

O sucesso neste início de temporada está diretamente ligado à subida de rendimento de Mike Conley. O base melhorou as suas médias de 14.4 para 16.1 pontos, de 3.2 para 4.0 ressaltos e de 4.4 para 6.3 assistências, de 2019/20 para esta época. A eficácia do canhoto também subiu de 40.9% para 44.9% nos lançamentos de campo e de 37.5% para 41.1% nos triplos, entre um ano e outro. Com Conley a jogar bem, a tomar boas decisões e a pautar os ritmos de jogo, os Jazz estão a colocar em campo o potencial que lhes era apontado desde a chegada do base.

Dois membros no clube dos 50-40-90

Apenas dois jogadores registam eficácias acima de 50% nos lançamentos de campo, 40% nos triplos e 90% nos lances livres, de entre todos os que somam um mínimo de dez jogos e uma média acima de 30 minutos por partida: Paul George (L.A. Clippers) e Khris Middleton (Milwaukee Bucks).

PG13 está em grande forma e é um dos principais responsáveis pelo bom início dos californianos, com médias de 24.4 pontos, 6.2 ressaltos, 5.6 assistências e 1.2 roubos de bola, e eficácias de 51.4% de campo, 50.5% de três pontos e 91.0% nos tiros livres. Com números idênticos, Middleton apresenta 22.1 pontos, 6.3 ressaltos, 5.6 assistências e 1.1 roubos de bola, e eficácias de 52.7%, 43.9% e 93.2%, respetivamente.

Depois, há outros quatro jogadores que estão à distância de melhorar umas décimas em um dos três capítulos estatísticos para baterem à porta deste grupo restrito: Kevin Durant (53.4 LC%, 46.6 L3%, 86.7 LL%), Kawhi Leonard (50.0 LC%, 44.8 L3%, 88.2%), Gordon Hayward (49.3 LC%, 40.9 L3%, 93.1 LL%) e Tobias Harris (50.3 LC%, 41.4 L3%, 89.7 LL%).

Menção honrosa para Seth Curry, o irmão mais novo de Steph. Nos oito jogos realizados até ter sido colocado no protocolo de despiste da COVID-19, o "atirador" dos Philadelphia 76ers registou impressionantes 60.3% nos lançamentos de campo, 59.5% nos triplos e 100% nos lances livres.