“A economia da Guiné-Bissau está a recuperar gradualmente dos efeitos da pandemia de covid-19, embora as repercussões da guerra da Ucrânia estejam a atrasar essa recuperação”, afirmou José Gijon.

O responsável falava em conferência de imprensa de balanço da missão realizada ao país, que decorreu numa unidade hoteleira em Bissau, durante a qual anunciou também que o corpo técnico do FMI chegou a acordo com o Governo guineense para um programa no âmbito do mecanismo de Facilidade do Crédito Alargado.

Segundo José Gijon, a economia deverá crescer 3,5% em 2022, as previsões iniciais apontavam para um crescimento económico de 3,8%, e que a inflação média fique acima dos 7%, “à luz do impacto potencial dos crescentes preços do petróleo e bens alimentares, que afetará negativamente os mais vulneráveis”.

“Apesar da melhoria na mobilização de recursos em 2021, a ultrapassagem da despesa em 2022, especificamente na massa salarial, constrangeu o ritmo esperado de consolidação orçamental, trazendo o défice orçamental anual para 5% do Produto Interno Bruto este ano”, afirmou José Gijon.

O chefe da missão do corpo técnico do FMI salientou também que continua a registar-se um “alto risco de sobre-endividamento na dívida pública”, que representa mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB).

“A estratégia a médio prazo das autoridades centra-se em assegurar a sustentabilidade da dívida, apoiando a recuperação económica e criando espaço orçamental para apoiar um crescimento sustentável e inclusivo, com base nas suas prioridades chave e considerando as significativas vulnerabilidades nacionais”, disse.

“Carece-se de uma gestão orçamental sustentável para criar espaço orçamental para o muito necessário investimento em desenvolvimento social (saúde, educação) e em infraestrutura, preservando a sustentabilidade orçamental e da dívida, o que implica mobilizar mais receita interna, mediante uma estratégia de receita credível e abrangente e melhorando a qualidade e eficiência da despesa”, afirmou José Gijon.

“Esta estratégia apela a uma melhor coordenação entre e dentro dos ministérios e agências públicas, bem como a uma atenuação dos grandes riscos orçamentais provenientes das empresas públicas”, acrescentou.

A missão do FMI teve início no passado dia 08 com contactos com as autoridades da Guiné-Bissau para analisar a situação económica e as condições para negociar um programa financeiro.

A primeira parte da missão realizou-se de forma virtual e a segunda parte, presencial, teve início em 14 de novembro e terminou hoje.