A proposta de aplicação dos resultados do exercício de 2019 é um dos sete pontos da reunião magna que decorre hoje, e prevê a distribuição de 318,2 milhões de euros, correspondente a cerca de 0,38 euros por ação.
O Estado português é o segundo maior acionista da Galp, depois da Amorim Energia (33,34%), com uma participação de 7,48%, detida através da Parpública, a que corresponde um dividendo de cerca de 23,6 milhões de euros.
Este montante soma aos 262,3 milhões de euros, correspondente a cerca de 0,32 euros por ação, pagos a título de adiantamento sobre lucros do exercício em setembro de 2019, o que eleva para 580,5 milhões de euros o valor a distribuir pelos acionistas da Galp Energia, correspondente a 0,70 euros por ação.
Esta proposta de distribuição de dividendo acontece depois de a petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva ter anunciado a suspensão da atividade durante pelo menos um mês na refinaria de Sines, a partir de 04 de maio, depois de já ter parado a fábrica de combustíveis na refinaria da Matosinhos, por impossibilidade de escoar os produtos produzidos, na sequência da redução do consumo provocado pela pandemia de covid-19.
Sem revelar o impacto que terá nas contas da petrolífera, a Galp justifica esta decisão com a “evolução da conjuntura nacional e internacional decorrente da prorrogação do estado de emergência”, decretado por causa da pandemia, que impôs “medidas extremas de contenção, quarentenas cada vez mais restritivas e a paralisação da maioria das atividades económicas”.
Entretanto, a federação intersindical das empresas de energia defendeu que, se a Galp dispõe de liquidez para pagar dividendos, “a empresa tem condições mais do que suficientes para pôr os trabalhadores em casa e manter os salários”.
Em declarações à Lusa, Manuel Bravo da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Impressa, Energia e Minas (Fiequimetal), sublinhou que, ao distribuir dividendos, a petrolífera fica impedida de recorrer ao regime de ‘lay-off’ (redução do horário do trabalho ou suspensão dos contratos) simplificado.
Em causa, estão cerca de 1.000 postos de trabalho diretos, 500 na refinaria de Sines, em Setúbal, e 500 na de Matosinhos, no distrito de Porto, que pertencem, maioritariamente, aos quadros da empresa.
A este universo acrescem os colaboradores das empresas que prestam serviços para a Galp.
Para contestar a assembleia geral de acionistas da Galp, foi convocada a primeira manifestação artística de protesto em Portugal, com a participação de artistas de países onde a empresa planeia duplicar a exploração de petróleo e gás.
Os ativistas acusam a Galp de “extractivismo ambiental e social, de ser o principal ator na crise climática em Portugal, e também de uma nova forma de colonialismo ao explorar combustíveis fósseis nos países que anteriormente foram colonizados por Portugal”.
Na segunda-feira a Galp divulga o relatório de resultados relativo ao 1.º trimestre de 2020, antes da abertura do mercado Euronext Lisbon.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma “abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais”.
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