“Não há aqui nenhum pedido de assistência financeira, está fora de questão. O que está em causa é como o FMI pode ajudar Cabo Verde a credibilizar o seu quadro macroeconómico em relação ao futuro, para que possamos atrais mais investimentos privados, nacionais e da diáspora, e estrangeiros para acelerar a dinâmica de crescimento da económica cabo-verdiana”, referiu Olavo Correia.
O ministro das Finanças cabo-verdiano falava à agência Lusa e à RTPÁfrica após ter sido recebido em audiência pelo seu homólogo português, Mário Centeno. as declarações feitas na terça-feira à agência noticiosa portuguesa pelo chefe do executivo de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.
Na terça-feira, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse que Cabo Verde está em negociações com o FMI para um programa de assistência financeira sobre a dívida pública, estimada em 124,7% do PIB este ano e nos 126,7% em 2019 – o segundo maior rácio da dívida face à riqueza na África subsaariana.
"Com o FMI estamos a trabalhar num programa de regularização de parte da dívida estrangeira, que depois terá de ser negociada com alguma parceria relativamente aos parceiros", disse o primeiro-ministro cabo-verdiano.
Correia e Silva disse que a modalidade “ainda está por definir, mas que prossegue-se no trabalho para se encontrar uma solução que vá ao encontro das metas que o Governo define no seu programa de reforma, negociado com o FMI.
“[O programa] vai passar por uma parte financeira, não só com o FMI, mas também com os parceiros de desenvolvimento”, acrescentou.
Hoje, Olavo Correia, ao justificar que Cabo Verde não pediu assistência financeira ao FMI, argumentou que o Governo quer construir um quadro que possa garantir estabilidade económica no futuro, e possa permitir que Cabo Verde continue, pela via do quadro macroeconómico, a atrair cada vez mais investimentos.
Para Olavo Correia, a dívida “tem de ser vista numa estratégia de médio prazo”, não podendo ser reduzida num quadro de curto prazo, pois “foi construída ao longo de décadas e não pode ser eliminada em dias”.
"Estamos a trabalhar num quadro de médio prazo, para que possamos reduzir o peso da dívida. Não está em causa Cabo Verde pagar a sua dívida, que paga. É a perceção de que Cabo Verde é um país altamente endividado que nos cria problemas.
Temos de ter esse sentido de responsabilidade, para que possamos demonstrar ao mercado e às instituições internacionais que temos uma estratégia para, paulatinamente, ir reduzindo o peso da dívida”, explicou.
Tal, defendeu o ministro das Finanças cabo-verdiano, passa pela aceleração do crescimento da economia do arquipélago, por uma maior racionalização dos programas de investimento público e uma maior contenção das despesas de funcionamento.
“Esta é uma estratégica completa e global que permitirá, a médio prazo, reduzirmos o peso do ‘stock’ da dívida no PIB e demonstrar ao mercado que estamos com um quadro coerente e que estamos a cumprir. Não há aqui nenhuma urgência do ponto de vista da assistência, Cabo Verde não pede a ninguém assistência financeira, nós cumprimos”, insistiu.
“Temos um quadro macroeconómico estável, o défice orçamental nos últimos dois anos à volta dos 3%, temos um quadro macro fiscal relativamente estável. O último relatório do FMI faz uma referência altamente positiva a economia cabo-verdiana, mas, claro, temos o ‘stock’, e temos de ter uma estratégia de médio prazo para demonstrar ao mercado que é possível ter essa redução”, declarou.
Segundo Olavo Correia, Cabo Verde não está a pedir nem um perdão nem uma redução da dívida, mas sim a criar as condições para que a economia cabo-verdiana cresça mais rapidamente, para que se possa gerir com maior celeridade as despesas do Estado e de poder, a médio prazo, reduzir o ‘stock’ da dívida em percentagem do PIB.
“Mas Cabo Verde não está a colocar sobre a mesa, agora, qualquer renegociação da sua dívida pública, porque pensamos que temos capacidade para encontrar uma solução interna. Isso é que é importante, demonstrar ao mercado que estamos a prosseguir no stock da dívida”, disse.
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