Numa manifestação que juntou cerca de 70 pessoas perto da residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, André Ventura disse aos jornalistas que, até ao momento, o Governo só quis “distribuir incentivos indiretos” para combater o aumento do preço dos combustíveis – dando o exemplo do aumento do valor mensal do Autovaucher – em vez de “baixar os impostos”
“Neste momento, eu acho que não há outro caminho. Do ponto de vista económico, do ponto de vista da política económica e fiscal de um país moderno, acho que não há outra hipótese senão esta: baixar impostos”, indicou André Ventura.
O líder do Chega acusou o primeiro-ministro de não estar a “fazer nada” junto das instituições europeias para pedir uma redução do IVA — apesar de António Costa ter proposto, durante a cimeira de Versalhes na semana passada, essa redução à Comissão Europeia — e apelou a que se reduza o Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP) em Portugal.
“Não há ninguém aqui que ache que esta guerra vai ser curta, nós vamos continuar — se nada for feito — a ter uma escalada de 14 cêntimos esta semana, de 20 na próxima, 30… A questão é: vamos deixar isto chegar onde, vamos deixar chegar a dez euros por litro?”, inquiriu.
Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de o Governo limitar as margens de lucro das gasolineiras, Ventura alegou que esse tipo de instrumento só é utilizado em países como a Venezuela ou Cuba e considerou que, “do ponto de vista político-económico, é errado estruturalmente”.
“Não vai afetar as grandes empresas, vai afetar os operadores que estão no meio da cadeia, os operadores que fazem o comércio da energia, do gasóleo e da gasolina. (…) Há um instrumento que tem de ser feito: baixar os impostos. É o que os países modernos, democráticos fazem. Ninguém se põe aí a inventar em tabelar preços”, disse.
Depois de, no discurso que fez perante os militantes, ter considerado que as medidas do Governo hoje anunciadas pela ministra da Agricultura e pelo ministro da Economia eram “migalhas para um setor e migalhas para outros setor”, André Ventura reconheceu aos jornalistas que “é evidente” que “tudo o que for para a amenizar a escalada dos preços é importante”.
No entanto, sublinhou a necessidade de “baixar os custos para o consumidor” de combustíveis, apelando a que se volte atrás no nível dos impostos para evitar um efeito “em escalada” para o resto da economia, designadamente através do impacto que poderá preço dos bens essenciais.
Numa manifestação composta quase exclusivamente por militantes do Chega — que vestiram coletes amarelos e mostraram faixas em que se lia “Costa alimenta a família PS com os Euro dos impostos” ou “Combustíveis em Portugal = roubo” — André Ventura anunciou que está a planear uma mobilização a nível nacional, “ainda este mês”, para protestar contra o preço dos combustíveis.
Segundo o líder do Chega, o intuito é o partido juntar-se aos “camionistas, taxistas e empresas de transporte que estão neste momento a pensar também numa grande ação nacional com outras associações”.
“Queremos juntar-nos sem medo a essas associações, sejam elas de esquerda, de direita, do centro. Este é um protesto nacional, não é um protesto político, tanto que vamos convidar todos os outros partidos para se juntar a nós também nesta manifestação”, sublinhou.
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