De acordo com os valores finais da emissão de quarta-feira, obtidos hoje pela Lusa, a emissão de dívida a 10 anos, com o montante de 1.750 milhões de dólares, com vencimento em 2028, comportará juros anuais de 8,250%, enquanto a emissão a 30 anos, com maturidade em 2048, teve o montante de 1.250 milhões de dólares, com uma taxa de juro de 9,375%.

Na quarta-feira, a Lusa já tinha noticiado ao final do dia que Angola tinha feito uma emissão de dívida pública de cerca de 3 mil milhões de dólares, acima do valor inicialmente anunciado, e com juros também superiores à expetativa do ministro das Finanças, que esperava valores à volta dos 7%.

Em entrevista à Lusa em Washington, à margem dos Encontros da Primavera do Fundo Monetário Internacional, há duas semanas, o ministro das Finanças angolano, Archer Mangueira, tinha dito que esperava que as taxas de juro destas emissões ficassem ao nível do valor da dívida pública emitida em 2015, que foi lançada com uma taxa de juro de 9,5%, mas que está atualmente a ser transacionada à volta dos 7%.

“O mínimo é dois mil milhões de dólares, mas pode ser mais”, disse o governante, salientando que a expetativa é que as taxas de juro exigidas pelos investidores fiquem em linha com as praticadas atualmente na emissão de dívida que Angola lançou em 2015.

“A expetativa que temos é que [a taxa de juro] ficará abaixo da dos títulos emitidos em 2015, que já estão a ser comercializados a menos de 7%; foram lançados a 9,5% e estão a ser comercializados a 7%, portanto a nossa expectativa é que fiquem a esse nível”, disse então o ministro das Finanças de Angola à Lusa.

De acordo com o Plano Anual de Endividamento, Angola prevê captar 6,721 biliões de kwanzas (23.800 milhões de euros) de dívida pública, em 2018, totalizando 54.500 milhões de euros de endividamento.

De acordo com o documento, elaborado pelo Ministério das Finanças em meados de fevereiro, estas necessidades repartidas por 4,762 biliões de kwanzas (18.100 milhões de euros) a captar em dívida emitida internamente e 1,959 biliões de kwanzas (7.400 milhões de euros) em desembolsos externos, visam “colmatar as necessidades de financiamento” do Orçamento de 2018.

O aumento do endividamento foi uma das razões que levou a Moody’s a baixar o ‘rating’ de Angola, na semana passada, a par das dificuldades económicas do país.

A agência de notação financeira desceu na sexta-feira, 27 de abril, o ‘rating’ de Angola, de B2 para B3, mudando a Perspetiva de Evolução de ‘Negativa’ para ‘Estável’, concluindo o processo de revisão em baixa iniciado em fevereiro passado.

As principais razões para a descida do ‘rating’, que se afunda ainda mais em território de ‘Não Investimento’, ou ‘Junk’ (lixo), como é normalmente conhecido, são “os riscos de refinanciamento interno e externo, que se manterão altos pelo menos nos próximos dois anos, e as métricas orçamentais e o peso da dívida, que já não estão em linha com os pares avaliados em B2″.