Bruxelas prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal cresça 5,8% em 2022, quando em fevereiro esperava uma expansão de 5,5%, com o setor dos serviços, particularmente o turismo estrangeiro, a recuperar fortemente face a uma base baixa.

O relatório da Comissão Europeia assinala que "as perspetivas de crescimento permanecem favoráveis, apesar dos desafios relacionados com os preços das 'commodities', das cadeias de abastecimento globais e maior incerteza na procura externa".

Numa série de previsões otimistas, a Comissão Europeia melhorou ainda em 1,5 pontos percentuais (p.p.) as previsões para o défice português, esperando um saldo negativo das contas públicas de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, em linha com o previsto pelo Governo. Bruxelas prevê um défice de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, abaixo dos 3,4% estimados no outono, revelando-se também mais otimista sobre o desempenho orçamental em 2023, ao esperar um défice de 1%, quando anteriormente previa um saldo negativo de 2,8%.

A previsão do défice dos técnicos da Comissão Europeia está, assim, em linha com a do ministério das Finanças para este ano, subjacente à proposta do Orçamento do Estado.

A Comissão Europeia prevê que a taxa de desemprego em Portugal caia para 5,7% este ano, face aos 6,6% registados em 2021, e para 5,5% em 2023. A estimava de Bruxelas é mais otimista do que a do Ministério das Finanças, que no relatório subjacente à proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) prevê uma taxa de desemprego de 6% este ano e de 5,7% no próximo.

Os técnicos de Bruxelas destacam ainda que a taxa de emprego atingiu um máximo histórico no final de 2021 e início de 2022, ainda que as horas trabalhadas permaneçam abaixo do nível pré-pandemia.

No entanto, a Comissão Europeia reviu em alta de 2,1 pontos percentuais (p.p.) a taxa de inflação para Portugal, para 4,4% este ano, mas abaixo dos 6,1% previstos para a zona euro, segundo as previsões hoje divulgadas.

De acordo com as previsões macroeconómicas de primavera, hoje divulgadas, o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) deverá subir de 0,9% em 2021 para 4,4% em 2022, antes de descer para 1,9% em 2023.

A Comissão Europeia prevê que a inflação em Portugal atinja o pico no segundo trimestre deste ano e modere gradualmente a partir de então.

Guerra leva a revisão em baixa do crescimento europeu para 2,7% este ano

A Comissão Europeia reviu hoje em baixa as previsões de crescimento económico devido à guerra na Ucrânia, estimando agora subidas de 2,7% do PIB este ano e 2,3% no próximo, tanto na UE como na zona euro.

As projeções da primavera hoje divulgadas representam uma acentuada revisão em baixa relativamente às previsões de inverno, divulgadas em 10 de fevereiro, ainda antes de a Rússia ter invadido a Ucrânia, e que projetavam que o Produto Interno Bruto (PIB) subisse 4,0% este ano tanto no espaço da moeda única como no conjunto dos 27 Estados-membros, e 2,8% na UE e 2,7% na zona euro em 2023.

Segundo Bruxelas, “as perspetivas para a economia da UE antes do início da guerra eram de uma expansão prolongada e robusta”, mas “a invasão russa da Ucrânia colocou novos desafios, precisamente quando a União tinha recuperado dos impactos económicos da pandemia” da covid-19.

“Ao exercer novas pressões no sentido da subida dos preços dos produtos de base, causando novas ruturas de abastecimento e aumentando a incerteza, a guerra está a exacerbar os ventos contrários ao crescimento pré-existentes, que anteriormente se esperava que diminuíssem”, argumenta o executivo comunitário.

Bruxelas admite ainda que o crescimento económico pode ficar ainda mais abaixo do projetado agora, apontando que “os riscos para a previsão da atividade económica e da inflação dependem fortemente da evolução da guerra, e especialmente do seu impacto nos mercados energéticos”, além de que a pandemia da covid-19 “continua a ser um fator de risco”.

“Para além destes riscos imediatos, a invasão russa da Ucrânia está a levar a uma dissociação económica da UE em relação à Rússia, com consequências difíceis de apreender plenamente nesta fase”, sublinha a Comissão Europeia.

Inflação nos 6,1% este ano na zona euro com pico no segundo trimestre

A Comissão Europeia estimou hoje uma “revisão considerável” em alta da taxa de inflação na zona euro este ano, para 6,1%, principalmente impulsionada pelos preços energéticos e alimentares, com pico no segundo trimestre e descida em 2023.

“A inflação na zona euro está projetada em 6,1% em 2022, antes de cair para 2,7% em 2023”, estima o executivo comunitário, nas previsões macroeconómicas de primavera, hoje divulgadas.

A instituição realça que, para o conjunto de 2022, “isto representa uma revisão considerável em alta em comparação com a previsão anterior de inverno de 2022, de 3,5%”, divulgada em fevereiro passado, estando agora projetado um pico de 6,9% na taxa de inflação no segundo trimestre, “antes de desacelerar e fechar o ano em 5,2%”.

A energia “continua a ser o principal motor de a inflação na zona euro”, explica a Comissão Europeia, lembrando os “aumentos dos preços do petróleo e do gás”, numa altura em que o preço do barril do Brent excedeu os 100 dólares (cerca de 96 euros) e os valores do gás natural ultrapassam os 100 euros/MWh, cinco vezes mais do que no primeiro trimestre de 2021.

Como na configuração do mercado energético da UE os preços do gás determinam os da eletricidade, a inflação da luz aumentou de taxas negativas no primeiro trimestre de 2021, para 34,3% no primeiro trimestre de 2022.

Entre os fatores que justificam esta revisão em alta estão então, de acordo com Bruxelas, o aumento dos preços da energia e dos produtos alimentares, bem como “uma série de estrangulamentos de abastecimento e logística, ambos originados pelo ajustamento induzido pela pandemia, mas exacerbados pelo surto da guerra”.

Em concreto, de acordo com a Comissão Europeia, “a inflação alimentar é projetada para registar um aumento considerável no segundo trimestre […], enquanto se espera que a inflação energética atinja o seu pico antes de moderar a partir daí”.

Destacando que “os preços dos alimentos têm vindo a subir devido ao aumento dos custos dos fatores de produção e aos estrangulamentos de fornecimento”, Bruxelas elenca ainda que estes registaram um acréscimo anual de 4,9% na zona euro e de 5,8% no conjunto da UE no primeiro trimestre de 2022.

As previsões surgem numa altura em que os preços na zona euro e na UE batem máximos devido aos constrangimentos das cadeias de abastecimento, recentemente acentuados com as tensões geopolíticas da guerra da Ucrânia.

A inflação é, por estes dias, mais acentuada no que toca aos preços energéticos, tendo os preços dos combustíveis fósseis (como o gás) disparado nas últimas semanas e alcançado os níveis mais altos da última década devido aos receios de redução na oferta provocada pela invasão russa da Ucrânia.

O gabinete estatístico da UE, o Eurostat, estimou, no final do mês passado, que a taxa de inflação homóloga subiu em abril para os 7,5% na zona euro, face aos 7,4% de março, e aos 1,6% do mesmo mês de 2021.

Esta foi a taxa mais elevada desde que há dados e quase o dobro do pico anterior registado em meados de 2008.

Numa estimativa rápida do Eurostat divulgada na altura, o Eurostat indicou que a inflação subiu impulsionada pelo preço dos combustíveis, que tiveram um aumento homólogo de 38%.

A taxa de inflação na zona euro e na UE tem vindo a acelerar desde junho de 2021 e a atingir valores recorde desde novembro.

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