A alimentação e o preço dos alimentos continuam a fazer parte do dia-a-dia mediático. Há 44 alimentos que vão passar a ter IVA zero, cinco dessa lista estão na receita de seis ingredientes que o SAPO24 traz hoje no "Inflação à Portuguesa", um género de livro de receitas online, focado em comidas que fazem parte do quotidiano das famílias.

Hoje no menu há Arroz de Bacalhau, trocaram-se os grelos da receita pelos pimentos vermelhos, para se poder fazer a comparação entre quatro supermercados. Uma vez que num deles não havia esse legume. Para o comparativo usaram-se apenas as grandes superfícies comerciais com lojas online e que, por esse motivo, permitem comparar o preço dos seus produtos. Como de costume teve-se em conta as marcas mais baratas e as promoções em cada espaço e, pegou-se no papel e na caneta para, com regras de três simples, uniformizar as quantidades.

É que, no El Corte Inglês o raminho de salsa tinha 30 gramas, e nos restantes supermercados 50 gramas. Assim como o bacalhau que nesta superfície tinha embalagens de 400 gramas e nas outras de 500 gramas. Ainda neste espaço os pimentos são embalados, mas por serem italianos são mais pequenos, no total há na embalagem de 380 gramas. Como nos outros supermercados os pimentos forma comprados à unidade, e tendo este legume mais ao menos 350 gramas, não se fez nenhuma conversão. Por fim, antes de se ir para as contas, para evitar discrepâncias assumiu-se um quilo de cebola, e nos sítios onde as embalagens são de peso superior ou inferior teve-se em conta o preço por quilo.

É certo que os pimentos não fazem parte dos legumes que terão IVA zero, mas se nessa altura forem trocados pelos tradicionais grelos, é expectável que esta receita fique ainda mais barata. Esta semana a escolha do supermercado pode valer uma poupança de €4,23.

Auchan - 16,05 euros

  • Salsa Fresca (50g) - 0,99 euros
  • Cebola (1Kg) - 1,99 euros
  • Pimento vermelho (1 unidade): 1,40 euros
  • Azeite virgem extra Auchan (750ml) - 4,69 euros
  • Bacalhau Auchan Demolhado e Desfiado (500g) - 5,49 euros
  • Arroz Carolino Auchan Extra (1kg) - 1,49 euros

Pingo Doce - 14,80 euros

  • Salsa Pingo Doce (50g) - 0,99 euros
  • Cebola (1kg) - 1,99 euros (o,34 euros a unidade)
  • Pimento vermelho (1 unidade) - 1,15 euros
  • Azeite Beirão (750ml) - 3,89 euros
  • Bacalhau desfiado congelado Pingo Doce (500g) - 5,49 euros
  • Arroz Carolino Pingo Doce (1kg) - 1,29 euros

Continente - 15,59 euros

  • Salsa Continente (50g) - 0,99 euros
  • Cebola (1kg) - 1,99 euros (Embalagem original 1,5kg a 2,99 euros)
  • Pimento (1 unidade) - 1,44 euros
  • Azeite Continente (750ml) - 4,19 euros
  • Bacalhau desfiado MSC Demolhado Ultracongelado Continente (500g) - 5,49 euros
  • Arroz Carolino Continente (1 kg) - 1,49 euros

El Corté Inglés - 19,03 euros

  • Salsa Biológica (50g) - 2,50 euros (embalagem original 30g a 1,50 euros)
  • Cebola (1kg) - 1,99 euros
  • Pimento Vermelho Italiano (380g) - 2,99 euros
  • Azeite Virgem El Corte Inglés (750ml) - 4,94 euros
  • Bacalhau Ribeiralves Desfiado Demolhado (500g) - 6,61 euros (embalagem original 40g a 5,29 euros)

A receita é fácil e rápida, e esta versão é já pensar na poupança das famílias: refoga-se a cebola com os pimentos, quando esta começar a ficar amolecida junta-se o bacalhau e deixa-se alourar. Acrescenta-se o arroz e a água em dobro. Tapa-se até que comece a ferver. Mexe-se e deixa-se acabar de cozinhar, já com o fogão desligado. Finaliza-se com a salsa picada.

Esta rubrica serve como desculpa para um apanhado à semana e às notícias da inflação, e do preço dos alimentos. Ontem o Ministro das Finanças, Fernando Medina, deu uma entrevista à RTP3 onde afirmou que a maioria das famílias terá um impacto de 12 euros em compras de um cabaz alimentar de 200 euros por mês. Garantiu ainda que do valor total dos apoios, "160 a 200 milhões vão para a produção".

O valor total em causa são 600 milhões de euros, anunciados no início da semana pelo Primeiro Ministro, na cerimónia de assinatura do pacto para a estabilização e redução de preços dos bens alimentares entre o Governo, a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) e a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). António Costa reforçou o compromisso do Governo, por este ser “esforço obviamente muito grande para um programa que tem um horizonte de seis meses”.

As medidas serão vigiadas ao longo deste período para avaliar a necessidade de ajustes, aquela que deverá atrair mais atenções é a do IVA Zero depois de não ter resultado em Espanha. Por cá, António Costa diz querer aprender com os erros do país vizinho, e confiar nos parceiros com quem fez o acordo. A lista dos alimentos, também foi conhecida esta semana e deixou contente a Ordem dos Nutricionistas, porém a Associação Vegetariana Portuguesa queixa-se da falta de alternativas.

Contudo, ficou-se com a certeza que não é por se anular o IVA que se consegue fugir do aumento dos preços da alimentação. Avizinha-se uma mudança de preços bastante dinâmica, e a começar é logo a laranja. O presidente da Associação de Operadores De Citrinos Do Algarve (AlgarOrange), José Oliveira, explicou que "é quase garantido, ou garantidamente, que os preços vão aumentar, porque a produção vai ser muito baixa, uma quebra de cerca 50%, e neste caso os preços sobem”.