"É para o senhor primeiro-ministro aceitável que haja mais este aumento de comissões que afeta em particular as pessoas que recorrem aos balcões da Caixa, normalmente os mais idosos? É aceitável que os portugueses, e esses mais idosos também, paguem, por um lado, a recapitalização da Caixa e, por outro ainda, tenham de pagar mais comissões?", questionou Assunção Cristas.
O primeiro-ministro, António Costa, respondeu à líder centrista que o acionista Estado não deve imiscuir-se nos atos de gestão do banco público.
"Registo que, para si, Caixa Geral de Depósitos 100% pública serve para uma injeção de capital público, mas não serve para proteger os depositantes destes aumentos [de comissões], que nos parecem claramente excessivos", defendeu Assunção Cristas, numa intervenção no debate quinzenal com o primeiro-ministro na Assembleia da República.
A presidente do CDS-PP sublinhou que os centristas sempre defenderam que o banco devia permanecer totalmente na esfera pública, mas acentuou que a "política de aumento de comissões tem a ver com uma orientação estratégica" que a Caixa recebe do seu acionista.
No debate quinzenal, aberto pelo CDS-PP, Assunção Cristas voltou a servir-se de gráficos de grande formato para ilustrar a sua argumentação, desta vez a falta de investimento público do Governo.
"Em qualquer ano do seu Governo o investimento público está abaixo do que foi o nível alcançado em 2015", resumiu.
A presidente do CDS-PP acusou António Costa de ter colocado o investimento público "na gaveta quando entrou para o Governo", considerando que a saúde, a educação e os transportes se ressentem particularmente.
"Temos austeridade encapotada, de resto, na falta de fiscalização da ‘legionella’, na falta de fiscalização das descargas poluentes no Rio Tejo", defendeu.
Assunção Cristas insistiu na "austeridade encapotada" na saúde, área a que tem dedicado inúmeras visitas, encontros e conferências e parte das jornadas parlamentares do CDS-PP, em Setúbal.
O primeiro-ministro respondeu que, com o seu Governo, o Serviço Nacional de Saúde tem mais recursos humanos, mais consultas e intervenções cirúrgicas realizadas, e Assunção Cristas contrapôs com o exemplo do hospital de Setúbal, com as dívidas de horas extraordinárias a médicos e enfermeiros e dívidas a fornecedores.
"Essa realidade, por exemplo, é a do Hospital de Setúbal, Hospital de São Bernardo, que tem uma urgência com uma ocupação de 200% ou 300%, que tem um plano para uma nova urgência aprovado pela Saúde, mas rejeitado pelas Finanças", defendeu.
Assunção Cristas, que há dois dias visitou aquele serviço de urgência, disse que foi informada que são "vários os dias que os doentes ficam encostados num corredor que tem macas atrás de macas".
"Lá está, é preciso bloquear as coisas para que, depois, os números apareçam. Esperam por oito milhões de euros, não é uma fortuna desmesurada, para construir a nova urgência", declarou.
Na primeira resposta à presidente do CDS-PP, o primeiro-ministro começou por retificar uma informação por si transmitida a Assunção Cristas no último debate quinzenal, acerca do número de unidades de saúde familiares que entraram em funcionamento em 2017.
Assunção Cristas disse que lhe ficava bem esse reconhecimento, insistindo, por outro lado, que o chefe do Governo informasse o parlamento sobre a existência de enfermeiros de família.
"Não há ainda a generalização da figura do enfermeiro de família, há experiências em curso", respondeu António Costa.
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