A líder centrista falava em Bragança, à entrada para uma cerimónia diocesana em que proferiu uma oração de sapiência, e aproveitou a importância do setor da caça no Nordeste Transmontano para ilustrar a análise que faz do documento com um anunciado imposto sobre os cartuchos dos caçadores.
“Estamos aqui em Bragança, no Nordeste Transmontano, onde a caça é relevante, de facto parece que abriu a época da caça ao contribuinte, porque todos os impostos ou foram mexidos ou foram agravados ou foram criados novos impostos”, declarou aos jornalistas.
A presidente do CDS-PP afirmou que há na proposta do Orçamento “uma grande imaginação do Governo, a procurar chegar a todo lado, indo buscar dinheiro a todo o lado, tanto mais que as novas medidas de impostos, de facto, levam a uma maior arrecadação fiscal”.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, estava a apresentar a proposta do Governo enquanto quando a presidente do CDS-PP viajava de Lisboa para Bragança, pelo que ressalvou que ainda não tinha tido “oportunidade sequer de acompanhar no detalhe esta apresentação” e afirmou que “certamente que o CDS ainda hoje fará uma reação breve”, mas que “depois é preciso estudar com atenção o documento para uma reação mais profunda”.
Ainda assim, daquilo que ouviu durante a viagem, através da rádio e na Comunicação Social online, concluiu que o país continua “de facto, numa austeridade “à la esquerda”.
Exemplificou com as promessas de eliminação da sobretaxa, que entende que “não têm reflexo neste Orçamento”.
“O que há é uma manutenção da sobretaxa do IRS ao longo de todo o ano, embora haja uma diminuição pequena da taxa da sobretaxa, que depois tem reflexo na diminuição das retenções na fonte, mas as pessoas, de facto, vão pagar esse imposto durante todo o ano”, afirmou.
Assunção Cristas não só não vê “um virar de página”, como vislumbra nas medidas propostas pelo Governo um propósito eleitoral.
“É curioso verificarmos que com estas medidas - eu referi a questão da sobretaxa que se mantém, mas que a dada altura começa a ter reflexos nas retenções na fonte - parece que estamos a falar de um calendário também eleitoral já a pensar nas Autarquias e isso, naturalmente, não nos deixa descansados, porque o histórico nessa matéria, e relembro o aumento da Função Pública em 2009, não deram bom resultado”, concretizou.
O Governo apresentou hoje a proposta de Orçamento do Estado de 2017, que prevê um crescimento económico de 1,5%, um défice de 1,6% do PIB, uma inflação de 1,5% e uma taxa de desemprego de 10,3%.
Para este ano, o executivo liderado por António Costa piorou as estimativas, esperando agora um crescimento económico de 1,2% e um défice orçamental de 2,4% do PIB.
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