"Apenas há 20 anos aconteceu algo igual ao que está a acontecer hoje aqui. Quem se furta a este debate na casa da democracia não mostra respeito para com os portugueses, e mostra além do mais uma certa cobardia", acusou Assunção Cristas, dirigindo-se a António Costa, que não interveio na abertura do debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2017.

A líder centrista colocava questões ao ministro das Finanças, Mário Centeno, numa intervenção em que considerou que a proposta de Orçamento é "pouco mais do que uma fatura de sobrevivência do Governo".

"No fundo, é um acerto de contas das contas que conseguiu fazer - à conta muito da classe média - com as esquerdas que o apoiam", afirmou.

Assunção Cristas avançou uma explicação para que o chefe de executivo não fale sobre o OE: "Não ter de se sujeitar ao incómodo de nos explicar como é que não aumenta as pensões mais baixas das mais baixas, pensões de 200 euros, e não tem qualquer problema com a falta de transparência vergonhosa no processo da Caixa Geral de Depósitos".

Insistindo que "o país merecia um primeiro-ministro que desse a cara pelo seu Orçamento, que desse a cara pelas suas opções, boas ou más, e não um primeiro-ministro que se furtasse ao confronto parlamentar", Cristas argumentou que o Orçamento "é tão poucochinho" que nem António Costa "tem coragem para o defender".

A presidente do CDS considerou depois que este "ficará marcado como o Orçamento oculto", que teve uma primeira versão e, "por insistência da oposição", outra, numa referência aos mapas que o Governo não entregou no parlamento logo a 14 de outubro, data de apresentação da proposta orçamental.

"É um Orçamento que deslaça em duas semanas, porque onde apareciam crescimentos, agora há cortes, como na educação", defendeu, argumentando que a primeira versão cumpriu "abundantemente a sua função propagandística".

Para a líder centrista, este Orçamento é "uma oportunidade perdida", porque não aproveita um contexto internacional que lhe é favorável, como o crescimento da Espanha e as políticas do BCE, e em vez de uma estratégia para o investimento e o crescimento apresenta uma "grande barafunda fiscal", entre "quatro novos impostos e a subida de outros nove".

Depois de ter oferecido gráficos com indicadores económicos ao primeiro-ministro num debate quinzenal, hoje Assunção Cristas levou um gráfico dos juros da dívida para entregar a Mário Centeno, ilustrando que a dívida está a aumentar e os juros da dívida sobem desde janeiro.

A líder do CDS perguntou ao ministro das Finanças se estava disponível para aumentar as pensões mínimas, sociais e rurais, reintroduzir o quociente familiar, aprovar o crédito fiscal para o investimento e retomar a trajetória de baixa do IRC.

Na resposta, Centeno falou do aumento do complemento solidário para idosos (CSI) proposto no OE e sublinhou que a proposta "contém um número muito elevado de medidas que apoiam o investimento no domínio dos créditos fiscais".

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