Realizada pela EY entre 01 de setembro de 2021 e 13 de outubro de 2023, a auditoria foi divulgada hoje no site oficial do clube lisboeta e, apesar de apontar “um conjunto de oportunidades de melhoria de procedimentos e/ou de controlos internos”, não detetou nenhuma situação em que a sociedade tivesse sido lesada.
A auditoria forense foi pedida pela Administração da SAD benfiquista, presidida por Rui Costa, tendo por base as suspeitas do Ministério Público, que incidem no processo de contratação de vários futebolistas durante a presidência de Luís Filipe Vieira, tendo já sido enviada uma cópia às autoridades judiciais.
A Operação Cartão Vermelho investiga suspeitas de prática de crimes de burla qualificada, abuso de confiança agravado, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, num possível esquema relacionado com a compra e venda de jogadores que levou à detenção de Luís Filipe Vieira.
“Em jeito de conclusão geral desta auditoria forense, percorridas as curto dimensões de análise descritas e analisadas as volumetrias de informação referidas, não identificámos nenhuma situação ou particularidade em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes”, indica o memorando com o resumo das conclusões do trabalho da EY.
Com base nos resultados contabilísticos respeitantes às transações dos atletas analisados, num período aproximado a 14 anos, a consultora chegou a um “saldo positivo a favor da Benfica SAD, em 97.026.018 euros (108.883.162 em transações com resultados positivos e 11.857.144 em transações com resultados negativos).
A análise centrou-se na conformidade dos dossiers dos 51 futebolistas que foram alvo do estudo — tendo concluído que “as poucas situações de inconformidade contratual, contabilística, neste horizonte temporal, não são materialmente relevantes” -, análise dos valores dos passes e comissões, partes envolvidas nas transações e apuramento dos factos.
Relativamente às comissões, a EY apurou que em 71% dos casos foram superiores a 3% da remuneração bruta e em 44% foram superiores a 10%, valores que excedem as ‘guidelines’ da FIFA, mas “não indicam, necessariamente, uma prática inadequada”.
Em 15 situações, a consultora não conseguiu identificar a estrutura acionista completa, nem os últimos beneficiários, de entidades que negociaram jogadores com o Benfica, tendo apurado que, em 10 situações, os negócios foram efetuados com entidades sediadas em paraísos fiscais e, em igual número, o intermediário apresenta um conflito de interesses com o próprio jogador.
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