A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, entre 20 e 24 de novembro, e surge após os 261,1 milhões de euros e 203,7 milhões de euros disponibilizados à banca nas duas semanas anteriores.

Segundo o documento, libertado hoje e consultado pela Lusa, as divisas vendidas – mantêm-se exclusivamente em euros há mais de um ano e meio -, equivalentes a 150,1 milhões de dólares, cobriram essencialmente operações dos setores dos Transportes (53,7 milhões de euros) e das Telecomunicações (21,5 milhões de euros).

Foram ainda distribuídas divisas para cobertura de operações relacionadas com a liquidação de cartas de crédito asseguradas pelo BNA (38,3 milhões de euros) e operações relacionadas com viagens ao exterior, ajuda familiar, educação, cartões de pagamento internacional e salários dos expatriados (18,2 milhões de euros), bem como para cobertura de operações diversas (2,6 milhões de euros).

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada pelo banco central no final da última semana, manteve-se praticamente inalterada nos 166,749 kwanzas por cada dólar e nos 186,303 kwanzas por cada euro, sem mexidas significativas há um ano e meio.

No mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa acima dos 400 kwanzas.

O novo Presidente angolano, João Lourenço, deu posse a 30 de outubro a José de Lima Massano no cargo de governador do BNA, exonerando, a seu pedido, Valter Filipe, que estava em funções desde março de 2016.

Já este mês, o chefe de Estado substituiu o comandante-geral da Polícia Nacional.

João Lourenço garantiu no sábado que Angola tem divisas, só que estão fora do controlo do circuito legal, criticando o facto de até agora “ninguém” ter feito “nada” para inverter o cenário, tendo definido como prioritário o combate à venda ilegal de divisas nas ruas, que atingiu “níveis preocupantes”.

“Há divisas em Angola, pelo menos em Luanda, só que estão fora das instituições próprias que deviam ter o controlo delas”, criticou João Lourenço, no sábado, em Pretória, ao fechar o terceiro dia de visita de Estado à África do Sul, a primeira do género desde que foi empossado no cargo, a 26 de setembro último.

As divisas “não estão nos bancos, mas estão em locais perfeitamente identificados, mas que por razões que desconhecemos, todo o mundo sabe e ninguém faz nada. Então, esta é uma das medidas [orientações ao banco central e polícia] que vai com certeza contribuir para que haja mais divisas disponíveis para a economia, de uma forma geral, e para outro tipo de necessidades”, disse.

Angola enfrenta desde finais de 2014 uma crise financeira e económica, com a forte quebra das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.

Esta conjuntura levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando nomeadamente as importações.

Além disso, devido à suspensão de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários para compra de dólares desde 2016, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA (euros).

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