A reunião de política monetária do BCE decorre de manhã e pelas 14:30, de Lisboa, o presidente da entidade, Mario Draghi, apresentará as conclusões do encontro em conferência de imprensa.
O economista chefe do Montepio Geral, Rui Bernardes Serra, escutado pela Lusa, considera que, depois de na reunião de dezembro o BCE ter estendido por mais nove meses o programa de compra de dívida e de ter anunciado que, a partir de 01 de abril, o ritmo de compras mensais será reduzido, é esperada uma “manutenção das taxas de juro e do essencial do programa”.
É provável, no entanto, que as previsões para o PIB e para a inflação possam ser ligeiramente revistas em alta, refere.
Para Rui Bernardes Serra, o presidente do BCE, no seu discurso, deverá sinalizar o seu compromisso em atingir o ‘target’ de 2,0% para a inflação no médio prazo. “É verdade que, em fevereiro, a inflação homóloga já atingiu os 2,0%, facto que já deve ter colocado o BCE em alerta, mas não devendo, para já, provocar alterações na sua política monetária, já que a inflação ‘core’ (0,9%) está bastante abaixo dos 2%”, disse.
Já o gestor da corretora XTB Eduardo Silva destaca que o sentimento positivo na Europa “está a gerar algum ruído em torno da reunião de março, que se previa bastante calma”.
Para Eduardo Silva, o “grande desafio” do presidente do BCE, Mario Draghi, será o de “resistir à pressão de anunciar que o programa de compra de dívida tem os dias contados”.
“No momento em que o mercado sentir que a política monetária vai inverter, o euro irá valorizar-se fortemente, os [países] periféricos irão sentir maiores dificuldades de financiamento e as ações das maiores exportadoras irão sofrer a tensão do mercado. Isto tudo acrescido do facto que fica a ideia que o banco central cedeu por fim à pressão dos alemães”, disse.
Por seu turno, José Lagarto, gestor de ativos da Orey Financial, sublinha que “desde a última reunião do BCE, em 19 de Janeiro, os dados económicos na Europa têm sido positivos e, em especial, os dados relativos à inflação que têm surpreendido pela positiva”.
O responsável assinala que Draghi “tem vindo até agora a desvalorizar as subidas observadas na taxa de inflação, apontando a subida dos preços da energia como principal responsável pelos números observados, já que a inflação ‘core’ se tem mantido inalterada a 0,9%” e que “esta ideia poderá voltar a ser defendida na reunião deste mês”.
Também Teresa Gil Pinheiro, analista financeira do BPI, aponta para que “o BCE mantenha inalterada a sua política monetária” na reunião de quinta-feira, tanto no que se refere ao nível das taxas de juro como ao programa de compra de ativos.
“Contudo, é possível que seja adotado um discurso mais otimista na medida em que se tem assistido à divulgação de informação económica que aponta para o fortalecimento da atividade, evidente, por exemplo, no comportamento dos indicadores PMI que apresentam uma forte correlação com o PIB”, sublinha.
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