Hoje, o BdP atualiza as projeções económicas que apresentou no Boletim Económico de dezembro, melhorando as estimativas da taxa de desemprego em cada um dos anos até 2020.

O banco central espera agora que a taxa de desemprego desça de 8,9% em 2017 para 7,3% este ano, para 6,3% no próximo e para 5,6% em 2020.

Em dezembro, o banco central estimava taxas de desemprego ligeiramente superiores: 7,8% este ano, 6,7% em 2019 e 6,1% em 2020.

A redução da taxa de desemprego deve-se ao crescimento do emprego ao longo dos próximos anos, "conjugado com aumentos ligeiros da população ativa", associados ao regresso de algumas pessoas inativas ao mercado de trabalho e à subida progressiva da idade de reforma.

O BdP revê ligeiramente em alta o aumento do emprego este ano, de 1,6% para 1,9% e mantém as estimativas de melhoria para os anos seguintes: 1,3% em 2019 e 0,9% em 2020.

"Depois de, em 2017, ter crescido mais do que o PIB [3,3% contra 2,7%], o emprego continuará a aumentar até 2020, ainda que a um ritmo progressivamente mais baixo ao longo do horizonte de projeção", afirma o BdP.

Ainda assim, refere o banco central, em 2020 "o nível médio anual do emprego situar-se-á cerca de 12% acima do mínimo registado em 2013, embora permaneça 1,6% abaixo do nível em 2008", antes da crise económica.

Segundo o BdP, esta projeção do emprego tem implícita um "crescimento fraco do produto por trabalhador", o que se deverá traduzir "num aumento contido dos salários reais, mais pronunciado em 2018 devido à atualização do salário mínimo".

É nesse sentido que o BdP admite também que o consumo privado desacelere, "em linha com a evolução do rendimento disponível real", e antecipa que a taxa de poupança das famílias se mantenha em níveis "historicamente baixos".

Banco de Portugal mantém estimativa de crescimento económico nos 2,3% em 2018

O Banco de Portugal (BdP) mantém-se ligeiramente mais otimista do que o Governo, esperando que a economia cresça 2,3% em 2018, admitindo vir a rever em alta a previsão de crescimento do PIB deste ano.

O BdP  manteve a estimativa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que tinha feito na altura: a economia portuguesa deverá crescer 2,3% este ano, abrandando nos dois próximos, ao crescer 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020.

O banco central mantém-se assim ligeiramente mais otimista do que o Governo, que prevê um crescimento do PIB de 2,2% este ano, e admite rever em alta a projeção do crescimento para 2018.

"Enquadradas por uma envolvente económica e financeira favorável, as atuais projeções apontam para a gradual maturação do processo de expansão da economia portuguesa no período 2018-20, aproximando-se progressivamente do seu atual ritmo de crescimento potencial. Neste contexto, identificam-se riscos ligeiramente em alta no curto prazo associados à possibilidade de um impulso cíclico mais forte do que o antecipado", lê-se nas Projeções para a Economia Portuguesa: 2018-2020 publicadas hoje.

No relatório, o BdP recorda que há cerca de um ano previa um crescimento de 1,8% no conjunto de 2017, um valor que acabou por ficar 0,9 pontos percentuais acima (2,7%). Hoje, o BdP admite que subestimou as exportações, "em particular do ganho de quota de mercado", bem como o investimento e o consumo privado (embora numa dimensão inferior).

O BdP explica que o crescimento do PIB entre 2018 e 2020 está sustentado no "forte desempenho" das exportações de bens e serviços, no "dinamismo" do investimento, ou Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), e no crescimento do consumo privado.

As exportações devem crescer 7,2% em 2018, 4,8% em 2019 e 4,2% em 2020, com o BdP a antecipar novos ganhos de quota de mercado, "ainda que mais moderados ao longo do horizonte de projeção".

A estimativa do banco central aponta para "um ritmo de crescimento significativo ao longo dos próximos anos" do investimento, embora mais moderado do que o observado em 2017. Depois de ter aumentado 9% em 2017, a FBCF deverá crescer 6,5% em 2018, 5,6% em 2019 e 5,4% em 2020, aponta o BdP.

Já o consumo privado "continuará a crescer de forma moderada", a um ritmo ligeiramente inferior ao da atividade. "Ao longo do horizonte de projeção, o consumo privado desacelera, em linha com a evolução do rendimento disponível real, crescendo 2,1% em 2018, 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020", projeta a instituição liderada por Carlos Costa.

Comparando com 2008, o ano anterior ao início da crise financeira internacional, o PIB "deverá ser 4,7% superior em 2020", com o consumo privado a aumentar 4%, o investimento empresarial a subir 6,4%.

Por sua vez, as exportações vão representar mais 70% do que o observado antes da crise financeira internacional, sendo que "as exportações de turismo mais do que duplicam", observa o banco central.

"Esta evolução contribui para o aumento do grau de abertura da economia portuguesa, que é acompanhado pela manutenção de um excedente da balança corrente e de capital de cerca de 2% do PIB, em média, no período 2018-2020", nota.

Em 2018, as contas externas deverão apresentar um excedente de 2,1% do PIB, superior em 0,7 pontos percentuais ao registado no ano passado (1,4%).

O BdP afirma que "a economia portuguesa vai continuar a beneficiar de um enquadramento económico e financeiro favorável, incluindo um crescimento robusto da procura externa, em torno de 4%, uma orientação acomodatícia da política monetária da área do euro – num quadro de redução gradual dos estímulos –, bem como uma manutenção das condições de financiamento dos agentes económicos".

Quanto à inflação, depois dos preços no consumidor terem aumentado 1,6% em 2017, o BdP estima subidas inferiores este ano e nos dois próximos (1,2% em 2018, 1,4% em 2019 e 1,5% em 2020).

Por outro lado, a instituição afirma que "persistem fragilidades estruturais que não podem ser ignoradas" e que têm penalizado o potencial de crescimento da economia portuguesa, como o elevado endividamento das empresas e das famílias, o envelhecimento da população e a produtividade ainda limitada.

No médio prazo, o BdP considera a existência de riscos descendentes, sobretudo o aumento de tensões nos mercados financeiros, o agravamento de tensões geopolíticas a nível internacional e a adoção de medidas protecionistas a nível global.