No relatório "Previsões Económicas Globais", hoje divulgado, a instituição presidida por David Malpass assinala que "é esperado que o crescimento global recupere para 2,5% em 2020 - ligeiramente acima do mínimo pós-crise de 2,4% registado no ano passado, no meio de um enfraquecimento do comércio e investimento - e suba ainda mais no horizonte de previsões".

Para além da previsão de um crescimento de 2,5% para 2020, abaixo dos 2,7% projetados em junho, o Banco Mundial prevê que em 2021 a economia mundial cresça 2,6% em 2021 e 2,7% em 2022.

Em 2020, a recuperação projetada "poderá ser maior se ações de política recentes - particularmente aquelas que mitigaram tensões comerciais - levarem a uma redução sustentada nas incertezas políticas".

"Não obstante, os riscos negativos predominam, incluindo a possibilidade de uma reescalada das tensões comerciais globais, descidas acentuadas nas maiores economias, e disrupções financeiras nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento", avisa o Banco Mundial.

A instituição sediada em Washington considera ainda que "a materialização desses riscos testaria a capacidade dos decisores políticos de responderem eficazmente a eventos negativos", num contexto de desafios associados a "altos níveis de dívida e de um reduzido crescimento de produtividade".

"O crescimento mundial desacelerou marcadamente em 2019, com uma continuada fragilidade no comércio mundial e no investimento", uma circunstância "abrangente, afetando tanto as economias avançadas - particularmente a zona euro - e os mercados emergentes e economias em desenvolvimento", pode ler-se no relatório do Banco Mundial.

A instituição atribui o abrandamento (a economia mundial tinha crescido 3,2% em 2017 e 3,0% em 2018) à descida "em paralelo" de vários indicadores-chave da atividade económica.

"Em particular, o comércio mundial de bens esteve em contração durante uma parte significativa de 2019, e a atividade da indústria transformadora abrandou marcadamente no decurso do ano", assinala o Banco Mundial, que refere que a atividade dos serviços se moderou, contribuindo também para a desaceleração, ainda que numa escala menor.

Segundo o Banco Mundial, o volume de comércio mundial desacelerou de um crescimento de 4,0% em 2018 para uma estimativa 1,4% em 2019 ("o ritmo mais fraco desde a crise financeira mundial"), e as previsões apontam para uma subida até aos 1,9% em 2020, 2,5% em 2021 e 2,8% em 2022.

"No curto prazo, é geralmente esperado que a política monetária mundial permaneça acomodatícia; no entanto, é provável que o apoio à política orçamental desvaneça", pode também ler-se no documento.

Nas economias avançadas, o Banco Mundial estima que o crescimento este ano desça para o patamar dos 1,4% (depois de 1,5% estimados para 2019), 0,1 pontos percentuais abaixo da estimativa de junho, "refletindo em parte a persistente fragilidade da indústria transformadora".

"Em contraste, depois de desacelerar para um estimado e mais fraco do que o esperado 3,5% no ano passado, projeta-se que o crescimento nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento aumente para 4,1% em 2020", um valor, ainda assim, 0,5 pontos percentuais abaixo das previsões económicas de junho do Banco Mundial.

A instituição refere também que "nos países de baixos rendimentos, o crescimento deverá ser pouco alterado nos 5,4% em 2020 e acelerar para uma média de 5,7% no horizonte de previsões", valores que, no entanto, ficam "longe do suficiente para alcançar os objetivos do alívio da pobreza".

Projeção de crescimento da zona euro desce para 1,0%

"É esperado que o crescimento abrande para 1% em 2020, 0,4 pontos percentuais abaixo das projeções anteriores, devido a dados recebidos piores do que o esperado, especialmente a produção industrial", pode ler-se na secção do relatório "Previsões Económicas Globais", hoje divulgado, dedicada à zona euro.
De acordo com o relatório, o Banco Mundial reviu também em baixa as estimativas de crescimento para 2019 em 0,1 pontos percentuais, para 1,1%.

Já para 2021, a previsão de 1,3% manteve-se face a junho, sendo igual ao valor previsto para o crescimento de 2022, valores abaixo do crescimento registado em 2017 (2,5%) e 2018 (1,9%).

O Banco Mundial prevê que o crescimento "recupere modestamente para uma média de 1,3% em 2021-22, assumindo que o apoio às políticas ganha tração, que o processo do 'Brexit' [saída do Reino Unido da União Europeia] se desenvolve com mínima disrupção, e que não há uma maior escalada nas restrições ao comércio".

"A posição orçamental global da zona euro deverá ser relativamente equilibrada durante o período das projeções, providenciando pouco apoio adicional à atividade, apesar de existir espaço em algumas economias", considera a instituição presidida por David Malpass.

A entidade sediada em Washington assinala também que "o BCE [Banco Central Europeu] deu estímulo monetário levando a sua política de taxas de juro para terreno ainda mais negativo, recomeçando o programa de compra de ativos e providenciando crédito barato aos bancos".

Do lado dos riscos, é assinalado que as "vulnerabilidades no setor bancário podem levar a um maior abrandamento, dado que os bancos são a principal fonte de crédito da região e - apesar de algumas melhorias recentes - continuam a sofrer de baixa rendibilidade e de níveis elevados de crédito malparado".
"As taxas de juro negativas na região podem também comprometer ainda mais a lucratividade dos bancos e erodir a estabilidade financeira, possivelmente impactando os custos de financiamento dos soberanos", assinala a instituição.

O Banco Mundial denota ainda que "uma inesperada falência de um banco - gerada, por exemplo, pela exposição ao setor industrial alemão, em dificuldades, ou movimentos agudos no preço dos ativos depois do 'Brexit' - podem acionar um 'stress' financeiro mais alargado e uma perda de confiança associada".
Relativamente a 2019, o Banco Mundial considera que "a atividade económica na zona euro se deteriorou significativamente", e que "várias economias estiveram à beira da recessão em alguns momentos no ano passado".

O Banco Mundial destaca "a fragilidade no setor industrial alemão, que teve dificuldades face à redução da procura na Ásia e às disrupções da produção automóvel", bem como "a incerteza relativa ao 'Brexit'" ao longo do ano.

A instituição previu hoje um crescimento de 2,5% da economia mundial em 2020, um valor abaixo dos 2,7% projetados em junho, mas acima dos 2,4% estimados para 2019, e adverte que "os riscos negativos predominam".

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