“O nosso crescimento é resultado do crescimento orgânico. Não quer dizer que não olhemos para oportunidades de crescimento inorgânico e quando acharmos que fazem sentido estaremos ativos”, disse Alberto Ramos na apresentação aos jornalistas dos resultados de 2019 do Bankinter Portugal.

O responsável não esclareceu se o Bankinter avaliou a possibilidade de comprar o EuroBic, depois de na segunda-feira ter sido anunciado que este seria vendido em 95% ao grupo espanhol Abanca (o que inclui a venda das participações de Isabel dos Santos), e referiu apenas que a sua compra pelo Abanca permite ajudar a resolver um “problema de instabilidade que estava a existir” e que notícias negativas, mesmo que afetem outros bancos, “prejudicam todos”.

Já questionado sobre um eventual interesse no Novo Banco (detido em 75% pelo fundo norte-americano Lone Star e em 25% pelo Fundo de Resolução), quando este for colocado à venda, Alberto Ramos admitiu que o Bankinter irá avaliar.

“O Novo Banco é natural que venha a estar no mercado e portanto estaremos atentos a essa oportunidade”, disse.

Segundo explicou, o interesse dependerá do ativo que for colocado no mercado e do preço, referindo que, apesar de ter trabalhado 13 anos no BES, o Novo Banco é hoje “muito diferente” e provavelmente será também diferente quando for colocado à venda.

“Cada negócio depende do que se está a comprar, do preço, a nossa estratégia tem sido de crescimento orgânico, e bem sucedido, mas não significa que não olhemos para outras oportunidades e não venhamos a concretizar”, acrescentou.

O grupo Bankinter teve lucros de 551 milhões de euros em 2019, um aumento de 4,6% relativamente a 2018, com a atividade em Portugal a contribuir com 65,6 milhões de euros antes de impostos (mais 9% face a 2018).

Em Portugal, o Bankinter tinha no final do ano passado 761 trabalhadores e 81 agências (além de centros de empresas e de ‘private banking’).

A margem bruta de negócio aumentou 17% para 129,1 milhões de euros e os custos operativos reduziram-se 2% para 86,2 milhões de euros.

O crédito total aumentou 12,1% para 6.500 milhões de euros (com o rácio de crédito em incumprimento a ser de 2,4% em 2019, abaixo dos 3,6% de 2018), com o crédito à habitação a crescer 11% para 4.200 milhões de euros (a nova produção aumentou 35% para 693 milhões de euros, do qual 26% do crédito a taxa de juro fixa) e o crédito a empresas 26% para 2.000 milhões de euros.

Os depósitos aumentaram 7% para 4.700 milhões de euros. Já os recursos fora de balanço (investimentos de clientes em fundos investimento) aumentaram 17% para 3.500 milhões de euros.

Já questionado sobre o atual momento da banca em Portugal, Alberto Ramos considerou que se vive um momento “mais competitivo, de concorrência forte”, mas considerou que não voltará a haver “loucuras” na concessão de crédito e exemplificou que atualmente a taxa de juro mínima no mercado ronda os 1%, o que compara com taxas em torno de 0,25% que os bancos faziam antes da crise.

“Todos têm tido uma postura mais prudente, mais conservadora do que no passado”, vincou.

Segundo o responsável, ainda hoje o banco tem contratos desses que pesam no balanço: “Todos os meses pagamos a 5.500 clientes, devolvemos capital a 5.500 clientes, porque nesse período os ‘spreads’ eram de 0,25%, 0,29%, 0,30″, indicou.

Em dezembro, o Bankinter teve custos de 35 mil euros com a devolução de capital a clientes, no âmbito da lei que obriga a banca a descontar o valor negativo das Euribor nas taxas dos clientes.

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