Estas posição foi assumida pelo ex-ministro socialista e cabeça de lista do PS nas últimas eleições europeias, Pedro Marques, na abertura de um debate transmitido por meios digitais, integrado no "ciclo de conferências 86" e subordinado ao seguinte tema: "Há Europa além da bazuca? Por um modelo económico mais sustentável e resiliente".

Pedro Marques, atual vice-presidente do Grupo Socialistas e Democratas (S&D) do Parlamento Europeu, procurou demonstrar "a enorme diferença" da atual resposta à crise da covid-19 face ao caminho seguido em 2008, quando as economias ocidentais foram abaladas por uma crise financeira que surgiu nos Estados Unidos.

"Vamos ser claros, quando António Costa constituiu Governo em Portugal em 2015 e mudou a agulha da austeridade para uma resposta baseada no investimento e na criação de emprego, derrotou no país a lógica de que não havia alternativa à visão única. Mas também ajudámos a derrotar na Europa essa perspetiva de visão única da austeridade", sustentou o ex-ministro das Infraestruturas.

Na sua intervenção, Pedro Marques disse que tem ouvido em Bruxelas alguns comissários europeus referirem-lhe que, atualmente, "austeridade é uma palavra banida na discussão europeia".

"Agora, já houve uma suspensão das regras orçamentais, acabando-se com exigências de reduções abruptas do défice para ainda mais agravar a crise, e assistiu-se à aprovação do fundo de recuperação. Estamos perante a maior resposta europeia de sempre, com um Orçamento europeu com fundos próprios associados e com emissão de dívida europeia. Isto, que era algo que a nossa família política defendia há anos, constituiu um enorme avanço e espera-se que permaneça", afirmou o eurodeputado do PS.

No entanto, Pedro Marques fez logo a seguir questão de frisar de que defende uma resposta europeia ainda mais forte contra a crise provocada pela covid-19, dando como exemplo o que está a acontecer nos Estados Unidos.

"Na União Europeia estamos a começar a implementar a chamada bazuca e encontramo-nos a negociar os diferentes planos. Estamos a implementar uma resposta que, de facto, é um terço daquilo que já foi aprovado nos Estados Unidos até agora", apontou.

Neste contexto, ex-ministro socialista frisou então que o pacote de apoios da União Europeia não envolve transferências diretas financeiras para as famílias, ao contrário dos Estados Unidos.

"Os Estados Unidos já fizeram três rondas de transferências diretas de rendimentos para as famílias, o que aumenta muito o consumo, permite que as pessoas passem menos mal e, com essa subida do consumo, aguenta-se a atividade das pequenas e médias empresas. Portanto, entendo que se devia estar a fazer mais, mas estamos a fazer muito mais do que alguma vez foi feito na Europa", declarou.

Neste debate, a eurodeputada socialista Margarida Marques também defendeu que "desta vez", perante a crise provocada pela covid-19, "houve uma resposta europeia baseada na solidariedade".

Numa intervenção muito perturbada por falhas na rede de Internet, a ex-secretária de Estado dos Assuntos Europeus destacou o acordo alcançado no sentido de permitir à Comissão Europeia ir aos mercados emitir dívida em nome dos 27 Estados-membros da União Europeia.

"Essa é uma grande diferença relativamente à crise de 2010, quando cada Estado-membro foi por si ao mercado. Enquanto a Alemanha pagava taxas de juro [a 10 anos] entre zero e um por cento, Portugal estava a pagar quase sete por cento. Nessa altura, criaram-se divergências enormes entre os Estados-membros da União Europeia", assinalou Margarida Marques.

Margarida Marques, que em Bruxelas foi relatora do novo quadro financeiro plurianual, disse que pela primeira vez há uma linha de dívida e destacou em seguida a ação do Banco Central Europeu (BCE) em termos de resposta rápida aos efeitos da crise sanitária na economia.

Num debate em que também estiveram presentes os professores universitários Susana Peralta e o economista Ricardo Pais Mamede, a ex-secretária de Estado dos Assuntos Europeus referiu-se ainda à importância do programa SURE no apoio aos lay-off nos diferentes Estados-membros.

Margarida Marques observou em seguida que cabe aos Estados-membros apresentarem primeiro os seus planos de recuperação e resiliência, que serão depois financiados pelo fundo de recuperação ou pelo Orçamento plurianual da União Europeia "numa base de complementaridade".

"É também importante o facto de estes planos de recuperação não poderem ser feitos de uma forma completamente indiferente, em que cada Estado-membro faz o que lhe apetece. Agora, é fundamental que correspondam às prioridades de combate às alterações climáticas, à transição digital e a reformas que têm como objetivo tornar os sistemas mais resilientes. Estou a falar nos sistemas públicos de saúde, educação e justiça", acrescentou.

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