“Assistimos à apresentação dos resultados da Galp na primeira metade do ano, em que anunciam um lucro extraordinário de 422 milhões de euros. É um número obsceno e claramente um achincalhamento de todos os sacrifícios que o país está a ultrapassar. Assistimos a este lucro exatamente no período em que os combustíveis ficaram mais caros”, sustentou o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, numa declaração aos jornalistas no parlamento.
O deputado acrescentou que “é curioso” que a Galp tenha dito que “o resultado económico da sua atividade decorre da captura das condições favoráveis do mercado”.
Pedro Filipe Soares recordou que o Governo disse que “iria olhar com atenção para as margens das empresas no setor dos combustíveis”, mas até hoje – mesmo já tendo “informação estatística” e “informação da própria empresa” — não o fez.
O executivo socialista “tem instrumentos jurídicos e não os usa” e o Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) “nada faz”, considerou o bloquista.
Por isso, o BE desafiou o Governo a avançar com a taxação sobre os lucros extraordinários de empresas como a Galp e seguir o exemplo de países como Espanha ou Itália, que já o anunciaram, e que essa taxa reverta “a favor do Estado para políticas públicas de resposta” à crise provocada pela inflação.
Esta taxa, sustenta o partido, também deve estar inscrita no Orçamento do Estado para 2023.
A bancada bloquista também quer que o Governo aja “sobre as margens de formação sobre os preços dos combustíveis”, instrumento de que o executivo dispõe desde que foi aprovado “há um ano na Assembleia da República”, lembrou o líder parlamentar do BE: “Duvidamos que o Governo tivesse coragem para agir”.
“Quando os combustíveis aumentam, quando o país empobrece, quando os salários pedem valor, ter esta dimensão de lucros da Galp é obsceno, é um achincalhamento dos sacrifícios que as pessoas estão a passar”, repetiu.
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