“[Retaliar] é uma medida que, obviamente, pode estar na mira do Governo brasileiro, só que é aquele negócio: ‘Você já comprou uma coisa finlandesa, norueguesa, sueca?’. Eu não me lembro de ter na minha casa esses produtos”, disse o general Heleno, em entrevista à rádio Bandeirantes.
Um jornalista daquela rádio brasileira interrompeu o ministro para afirmar que produtos de origem alemã são facilmente encontrados no Brasil.
“Da Alemanha tem muita coisa. Esse é um (país) que valia até a pena, mas eu não quero citar países, eu tenho muito medo de criar um problema diplomático e ser injusto até”, indicou o governante, um dos ‘braços direitos’ do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
A Alemanha, em conjunto com França, Dinamarca, Itália, Bélgica, Holanda, Noruega e Reino Unido, enviou uma carta ao vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, na semana passada, alertando sobre os possíveis impactos da degradação florestal em questões comerciais.
O documento enviado pelas embaixadas desses países frisa que enquanto “os esforços europeus procuram cadeias de abastecimento não vinculadas à desflorestação, a tendência atual no Brasil torna cada vez mais difícil, para empresas e investidores, atender os seus critérios ambientais, sociais e de governança”.
As declarações de Heleno foram dadas hoje, pouco tempo antes do discurso de abertura de Bolsonaro na 75.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), onde afirmou que o seu Governo é vítima de uma “campanha brutal de desinformação sobre a Amazónia”.
Na segunda-feira, o ministro do GSI já tinha acusado governos de outros países e personalidades estrangeiras de mentirem sobre a devastação da Amazónia com a intenção de derrubar Jair Bolsonaro.
“Não podemos admitir e incentivar que nações, entidades e personalidades estrangeiras, sem um passado que lhes dê autoridade moral para nos criticar, tenham sucesso no seu objetivo principal, obviamente escondido, mas evidente para os não inocentes, que é prejudicar o Brasil e derrubar o Governo de Bolsonaro”, disse Heleno, general na reserva do Exército brasileiro.
A afirmação foi feita numa audiência pública virtual inédita, convocada pelo Supremo Tribunal Federal para discutir a política ambiental do atual executivo, especialmente a falta de ações para mitigar a crise climática, e na qual várias autoridades se pronunciaram.
O ministro do GSI aproveitou a sua intervenção para se referir à pressão que o Brasil tem sofrido nas últimas semanas devido aos incêndios na Amazónia, a maior floresta tropical do planeta, por governos, organizações não-governamentais (ONG), bancos internacionais e até pelas próprias empresas brasileiras.
Ainda na segunda-feira, várias ONG lançaram uma campanha para boicotar os produtos cárneos que a União Europeia importa do Brasil, considerando que os produtores promovem a desflorestação da Amazónia para aumentar as suas áreas de pastagem.
Já na Presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou na sexta-feira o seu repúdio à ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul (bloco económico composto pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai)”, por questões ambientais, entre as quais citou uma política ambiental omissa face à destruição da Amazónia.
Comentários