A Comissão Europeia estima que o défice português recuará uma décima entre este ano e o próximo, antecipando um valor de 0,6% do PIB para 2019, acima das previsões do Governo, que aponta para um défice de 0,2%.

Nas Previsões Económicas de Outono, hoje publicadas em Bruxelas, o executivo comunitário aponta que “a procura interna continua forte, mas o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em Portugal deverá abrandar em 2019 e 2020 face ao enfraquecimento das exportações líquidas”, projetando valores abaixo dos 2% nos dois próximos anos.

Para 2018, Bruxelas mantém a previsão de crescimento do PIB português em 2,2%, tal como antecipara nas anteriores previsões de verão (divulgadas em julho), enquanto na sua proposta de Orçamento do Estado para 2019 (OE2019), adotada no mês passado, o Governo manteve a meta de 2,3%.

Mais vincada é a diferença de projeções de Bruxelas e Lisboa para 2019, já que enquanto o OE2019 antecipa um crescimento do PIB de 2,2% (o que já constitui uma ligeira revisão em baixa do Governo face à estimativa do Programa de Estabilidade, apresentado em abril, que apontava para 2,3%), a Comissão antecipa hoje um abrandamento do crescimento da economia portuguesa para os 1,8% no próximo ano, e para os 1,7% em 2020.

O executivo comunitário aponta que no primeiro semestre deste ano o PIB real de Portugal aumentou 2,3%, “sobretudo graças a uma forte procura interna e em linha com as previsões económicas de verão”, mas antecipa que o crescimento “vai de certa forma abrandar no segundo semestre do ano, sobretudo devido a uma desaceleração da procura externa”.

Bruxelas espera, assim, que o crescimento da economia portuguesa abrande de 2,8% em 2017 para 2,2% este ano.

Para 2019, e enquanto o Governo estima um crescimento real do PIB de 2,2% - “uma ligeira desaceleração face a 2018, em linha com o abrandamento esperado na área do euro (1,9%)", salienta a proposta de OE2019 –, Bruxelas é mais pessimista, antecipando um crescimento de 1,8%, que recuará mesmo para 1,7% em 2020, sobretudo por esperar um enfraquecimento das exportações.

Neste caso, Bruxelas considera, todavia, não haver grandes riscos de uma revisão em baixa, pois “a incerteza nos mercados externos pode ser compensada por um desempenho mais positivo na procura interna”.

Relativamente à taxa de desemprego, Bruxelas está em linha com as previsões do Governo para 2019, ao antecipar uma taxa de 6,3%, mas prevê que este ano se fixará nos 1,5%, um pouco acima das perspetivas do executivo socialista (1,3%).

Também a nível da taxa de inflação, a Comissão Europeia diverge um pouco do Governo, esperando que esta “permaneça relativamente baixa em 2018, nos 1,5%”, subindo para 1,6% em 2019 e 2020, enquanto as previsões nacionais contemplam uma taxa de 1,3% tanto este ano como no próximo.

(Notícia atualizada às 10:50h)