As caixas de aforro Bankia e CaixaBank estudam uma possível fusão para se fortalecerem após os impactos da pandemia da Covid-19, segundo o que estes bancos comunicaram, na noite de quinta-feira, dia três de setembro, à Comissão do Mercado de Valores espanhola.
A fusão vem a ser estudada, após o Banco de Espanha e o Banco Central Europeu advertirem para a necessidade de consolidação bancária e para o reforço das contas dos bancos, devido ao impacto da pandemia mundial - sendo que "a culpa não é só do vírus", como escreve o El País.
Se a fusão se confirmar, após a luz verde do Governo, nascerá o maior banco do país, diz o El País, com 650.000 milhões de euros em ativos em Espanha, sem contar com a presença internacional de Santander e do banco BBVA.
A entidade catalã CaixaBank indicou, segundo o El País, que “após a autorização do seu conselho de administração, encontra-se em negociações com o Bankia para analisar uma fusão entre as duas entidades, sem que tenha sido alcançado qualquer acordo a este respeito até agora, para além da assinatura de um termo de confidencialidade para troca de informações para avaliar a operação".
Por seu turno, o Bankia confirmou “contactos com CaixaBank, com conhecimento e autorização do conselho de administração, para analisar uma eventual oportunidade de operação de fusão entre ambas entidades” - um comunicado muito semelhante ao da CaixaBank.
Note-se que a Bankia nasceu do Sistema Integral de Proteção (SIP), em meados de 2010 a partir de sete caixas espanholas de aforro: Caja Madrid, Bancaja, Caja de Canárias, Caixa Laietana, Caja de la Rioja, Caja Ávila e Caja Segovia. Para cumprir as normas de capital, o SIP teve de se transformar em banco, dando origem ao Banco Financeiro y de Ahorros (BFA): casa-mãe do Bankia.
Luz verde do Governo ao fundo do túnel
O Governo tem de dar luz verde à operação para a fusão "salir adelante", como diz a expressão espanhola. O Governo deve permitir a ação, mas diz dar prioridade à recuperação das ajudas públicas que a antiga Caja Madrid recebeu. O grupo BFA-Bankia recebeu 22.424 milhões de euros dos cidadãos espanhóis, em 2012. Oito anos depois, apenas 3.300 milhões foram recuperados, através da venda de participações e dividendos distribuídos pelo banco.
O Estado detém 62% do capital do Bankia desde o seu resgate, em 2012. Com a operação consolidada, o Estado espanhol passaria a deter 61,8% do Bankia e 14% da nova entidade agregada cujo principal acionista seria a Fundación La Caixa.
A entidade que resultaria da fusão teria como presidente José Ignacio Goirigolzarri, atual presidente do Bankia, ao mesmo tempo que Gonzalo Gortázar, atual conselheiro delegado do CaixaBank, ocuparia o mesmo cargo nesta nova sociedade.
Com a eventual fusão do CaixaBank e do Bankia, ambas as entidades fariam uma segunda incursão no que tentaram em 2012, quando Isidro Fainé e Rodrigo Rato, que chefiavam as duas entidades, fracassaram por problemas políticos e discrepâncias na hierarquia de chefia.
Para o CaixaBank, esta seria a segunda operação corporativa em três anos, após passar a controlar a totalidade das ações do BPI português, nos últimos dias de 2018 e, durante a última crise, ter absorvido a Caixa Girona, o Banca Cívica e o Banco Valencia.
O que diz a banca?
Esta sexta-feira, dia 4 de setembro, o novo conselheiro de Empresa de la Generalitat de Cataluña, Ramon Tremosa, expressou a sua vontade na rádio pública espanhola Catalunya Ràdio. "Gostaria que o CaixaBank voltasse a Barcelona", disse, pedindo ao atual presidente do CaixaBank, Jordi Gual, que trouxesse a sede da 'caja' de novo para Barcelona. Em outubro de 2017, Gual tinha decidiu transferir a sede para Valência.
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