O crescimento populacional observado nos últimos meses no Canadá é o resultado de políticas de imigração efetuadas pelo governo. Nem tudo são aspetos positivos, já que à semelhança de outros países, as políticas de imigração criam tensões, sobretudo nas grandes cidades, e problemas na habitação, mas os resultados estão espelhados nos censos do país.

Segundo o meio internacional Bloomberg, o Canadá terá ultrapassado a barreira dos 40 milhões de pessoas pela primeira vez na semana passada, sendo que o crescimento poderá continuar com a chegada contínua de imigrantes, refugiados e estudantes estrangeiros.

Para o governo do primeiro-ministro Justin Trudeau, esta experiência é uma forma de ampliar o mercado de trabalho à medida que a competição global por trabalhadores qualificados se intensifica. Também reflete uma ambição de longo prazo para o Canadá de expandir a sua presença internacional e emergir da sombra do vizinho Estados Unidos da América (EUA), semelhante em tamanho, mas com cerca de oito vezes mais população e quase 12 vezes o Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo Usha George, professora de política de imigração canadense na Toronto Metropolitan University, citada pela Bloomberg, existe no país "muito espaço para as pessoas virem e ocuparem". Além disso, o Canadá dispõe de uma necessidade de "expandir a base agrícola, industrial e tecnológica”, refere.

Apesar das vantagens, o Canadá enfrenta a necessidade de colocar estes novos habitantes em áreas rurais e não nos centros urbanos sobrecarregados.

Como resultados positivos da estratégia de apoio à imigração destaca-se a subida do nível de empregabilidade, que ajuda a economia a resistir ao aumento dos juros provocado pelas decisões do Banco do Canadá, tal como outros reguladores do mundo. Apesar disso, os problemas continuam no mercado imobiliário com preços altamente inflacionados que não se adequaram ao número de novos habitantes no país.

Alguns orgulhosos francófonos do Quebec temem que a chegada de mais falantes de inglês de todo o mundo possa diluir a identidade cultural única da província onde ainda se fala maioritariamente francês. Uma preocupação que não espelha, no entanto, a forma como a maioria da população olha para o tema:  69% dos canadianos discorda da ideia de que há muita imigração no país, segundo as conclusões de um inquérito do Environics Institute for Survey Research.

O executivo de Trudeau estabeleceu a meta de adicionar cerca de meio milhão de residentes permanentes todos os anos. No entanto, o ano passado, estudantes estrangeiros, trabalhadores temporários e refugiados formaram outro grupo ainda maior, elevando o total de chegadas a um recorde de um milhão de novos residentes. A entrada empurrou a taxa de crescimento anual da população do Canadá para 2,7%, o ritmo mais rápido entre as economias avançadas e rivalizando com nações em desenvolvimento como o Burkina Faso, o Burundi e o Sudão.

Quase uma em cada quatro pessoas no Canadá agora são imigrantes, a maior proporção entre as nações do G7 (grupo dos países mais industrializados do mundo, composto por: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). A este ritmo de crescimento, o país mais pequeno do G7 em termos de população irá duplicar os seus residentes em cerca de 26 anos e ultrapassar assim Itália, França, Reino Unido e Alemanha até 2050.