“Esta decisão foi tomada no seguimento da identificação, através de processos internos do Banco, de operações financeiras suspeitas realizadas na sua esfera pessoal, as quais deram origem a uma denúncia às autoridades”, lê-se na nota enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O Novo Banco detalhou que as operações em causa não estão relacionadas nem envolvem, “de forma alguma”, a instituição e, por isso, “não têm qualquer impacto nos clientes, em contas ou operações de clientes, na posição financeira ou na atividade do Banco, nas suas operações comerciais, no sistema de gestão de riscos nem nos seus colaboradores”.
Carlos Brandão juntou-se ao Novo Banco como diretor coordenador do Departamento de Risco em julho de 2017 e, em agosto de 2022, foi nomeado como membro executivo do Conselho de Administração.
Foi também presidente executivo do Bankinter em Portugal e desempenhou funções no Banco Santander e no Barclays.
O que fez o Banco?
"Após deteção da situação, o Banco iniciou uma investigação interna e apresentou uma denúncia junto do Ministério Publico, o que levou ao início de uma investigação que está agora em curso. De igual modo, o Banco reportou o assunto ao regulador e à autoridade de supervisão competente nesta matéria", referem também na nota.
"Foram imediatamente adotadas todas as medidas necessárias e adequadas à situação, com vista à proteção do Banco e de todos os seus stakeholders, tendo o Banco agido em total coordenação e cooperação com as autoridades competentes", acrescentam.
O plano de sucessão foi ativado pelo Comité de Nomeações do Conselho Geral e de Supervisão, e os respetivos desenvolvimentos serão anunciados oportunamente, logo que concluído o processo. Interinamente, o cargo de Chief Risk Officer será assumido pelo Chief Executive Officer, Mark Bourke.
O que se segue?
Segundo uma nota da PGR, foram constituídos neste processo dois arguidos, que não são identificados.
“No âmbito de inquérito dirigido pela 4.ª Secção do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), estão a ser realizadas diligências de busca para identificação e apreensão de documentos e outros meios de prova de interesse para a descoberta da verdade”, referem na nota.
Em causa, refere, poderão estar “factos suscetíveis de constituírem a prática de crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e falsificação por parte de um administrador do Novo Banco”.
Fonte judicial disse à Lusa que o segundo arguido é a mulher de Carlos Brandão.
Foram realizadas quatro buscas domiciliárias, uma busca em estabelecimento bancário e sete buscas não domiciliárias, tendo participado um magistrado do Ministério Público, um magistrado judicial e vários elementos da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária.
O processo encontra-se em segredo de justiça.
*Com Lusa
Comentários