“Aquilo que eu volto a apelar é para que não se promovam políticas pró-cíclicas que depois possam vir a ter que ser corrigidas com outras políticas”, disse Mário Centeno em declarações aos jornalistas à margem das conferências do Estoril, que começaram hoje na Nova School Business & Economics (SBE), em Cascais.
O ex-ministro das Finanças foi questionado sobre o impacto da inflação, numa altura em que o Governo se prepara para aprovar na próxima segunda-feira o pacote de medidas de apoio ao rendimento das famílias.
Para o responsável do supervisor bancário, “não devemos ser exuberantes quando a economia cresce, quando o desemprego está em mínimos históricos, quando os salários crescem mais do que cresceram nos últimos anos, quando a economia está em recuperação”.
Mário Centeno justificou que, posteriormente, quando houver um período de desaceleração essas políticas tendem a ter uma restrição maior sobre si próprias e tendem a ser também nesses momentos pró-cíclicas, que, disse, “é tudo o que devemos evitar”.
“Há uma regra básica das políticas económicas, que é evitar a pró-ciclicidade”, vincou, considerando ser necessária uma “enorme” coordenação de políticas a nível nacional e europeu.
“Devemos olhar para os números, devemos olhar para a realidade, para aquilo que o mercado de trabalho nos diz. Os salários estão a crescer em Portugal, em média, próximo de 4%, o crescimento do emprego nas declarações feitas à segurança social é próximo dos 6%”, disse.
Apesar de admitir que todos devem "ficar preocupados, agir como consumidores, como decisores de política face a números como aquele" que tem sido visto da inflação, Centeno acredita que se deve olhar para a situação com “alguma tranquilidade”.
“Devemos todos ter a consciência da necessidade de ter esta perspetiva mais longa nestes processos”, vincou, exemplificando que os preços em termos anuais de algumas matérias-primas, como o cobre e o alumínio, já começaram a descer.
Centeno reiterou a convicção de que a inflação vai desacelerar e "voltar paulatinamente, provavelmente mais paulatinamente do que desejávamos, para níveis compatíveis com os objetivos do Banco Central Europeu".
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