No final de uma reunião de ministros das Finanças da UE, à margem da qual Luis de Guindos garantiu que Centeno contará com o voto de Espanha se decidir avançar com uma candidatura à sucessão do holandês Jeroen Dijsselbloem, o ministro português, questionado sobre se este apoio o deixa mais perto de se candidatar, preferiu sublinhar que estão em curso “conversas múltiplas” com o objetivo de que a próxima presidência do fórum de ministros das Finanças da zona euro seja reformista, matéria na qual Portugal e Espanha estão em total sintonia.
“Esse apoio [de De Guindos] apenas revela isso mesmo, ou seja, que há uma comunhão bastante grande de vontade no sentido do ponto de vista político de avançar precisamente na dimensão de podermos finalmente ter ao mesmo tempo na área do euro uma dimensão de política monetária e uma dimensão de política orçamental. Partilhamos precisamente a mesma opinião sobre essa matéria, nós e o ministro De Guindos, e essa simpática frase que ele pronunciou tem exatamente esta substância por trás: há uma partilha grande de vontade de mudança e de reforma na área do euro”, declarou Centeno.
O ministro apontou que um dos princípios que têm sido seguidos nos contactos que têm vindo a ser desenvolvidos, e intensificados, já que a eleição está agendada para 04 de dezembro, é “garantir que à frente do Eurogrupo se consegue constituir uma presidência que tenha uma plataforma de ação próxima daquilo” que são os princípios que Portugal tem defendido para a UE, pelo que o Governo gostaria “de ter alguém do Partido Socialista Europeu à frente desta presidência”.
Nesse sentido, asseverou, nesta fase ainda não se trata de “uma questão de apresentar candidatura”, mas sim tentar encontrar “uma plataforma de consenso” que permita a reforma que quase todos defendem para a área do euro.
O ministro português falava pouco depois de Luis de Guindos ter anunciado que Espanha apoiará “naturalmente” Centeno se este avançar com uma candidatura à liderança do Eurogrupo.
Apontando que já teve oportunidade de garantir o seu apoio a Centeno, tal como o ministro português lhe disse que contaria com o apoio de Portugal caso decidisse avançar, o que não é o caso, sublinhou – “não sou candidato” -, De Guindos comentou que se trata da “afinidade ibérica”, que é bem conhecida, “e que sempre foi tradicional entre Espanha e Portugal”.
No final da reunião do Eurogrupo de segunda-feira, Jeroen Dijsselbloem indicou que vai enviar uma carta a todos os ministros das Finanças a explicar todo o procedimento e calendário para a eleição do seu sucessor, apontando que quem decidir avançar com a candidatura “será convidado a fazê-lo ainda este mês”.
De acordo com as regras do fórum informal de ministros das Finanças da zona euro, os ministros que decidam candidatar-se ao cargo deverão fazê-lo até cerca de duas semanas antes da data da eleição, ou seja, até sensivelmente 20 de novembro.
Até ao momento, ainda ninguém formalizou a candidatura – para o fazer terá de enviar uma carta formal a dar conta da sua intenção -, mas já manifestaram publicamente “interesse” o ministro eslovaco, Peter Kazimir, a letã Dana Reizniece-Ozola, e o luxemburguês Pierre Gramegna.
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