Com a concretização da economia circular, "não há nenhuma razão para que os consumidores paguem mais, antes pelo contrário, porque vão passar apenas a pagar aquilo que objetivamente utilizam, vão deixar de adquirir equipamentos que na maior parte do tempo da sua vida estão parados", disse João Matos Fernandes.

O governante falava à agência Lusa a propósito do início, hoje, da consulta pública do Plano de Ação Nacional para a Economia Circular, que é uma das prioridades do Governo, através do trabalho conjunto dos ministérios do Ambiente, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, da Economia e da Agricultura, Floresta e Desenvolvimento Rural.

Questionado acerca dos efeitos da economia circular nos consumidores, o ministro apontou que, atualmente, "na maior parte das vezes", pagam pela aquisição de equipamentos que depois usam durante muito pouco tempo.

"Com o advento da economia circular e a sua afirmação, vamos deixar de ser consumidores para passar a ser utilizadores e assim sendo, só vamos pagar aquilo que usamos", resumiu o governante.

E, "se não reduzirmos o consumo primário, daqui a uns tempos, não perguntamos se é mais caro ou mais barato, perguntamos se existe ou se não existe", alertou.

Está em causa a transição de uma economia linear, em que são extraídos recursos à natureza, são usados e deitados fora, para uma economia circular, com base na redução do uso dos materiais primários e na aposta na reciclagem e reutilização de produtos.

Por isso, o ministro deu o exemplo de empresas que, atualmente, já "fazem contratos com outras empresas que antigamente, [por exemplo], vendiam computadores ou fotocopiadoras e passaram a ter contratos de utilização".

Este tipo de serviço, "ainda não chegou às casas de cada um de nós, mas iremos certamente passar a pagar pelos ciclos de lavagem e não pela máquina de lavar roupa e pelos quilómetros que são feitos pelo pneu em vez de comprarmos o pneu propriamente dito", especificou.

Trata-se de mudar a lógica, para tudo passar a ser mais simples, os produtos terem menos peças e serem mais fáceis de montar e desmontar, por exemplo.

No entanto, João Matos Fernandes admite que ainda não se consegue que todos os cidadãos entendam o que significa e que importância tem a economia circular.

"Esta é claramente uma matéria em que muito nos temos de educar", realçou, apontando ser "fundamental a consciencialização das pessoas através de campanhas mais ou menos alargadas", havendo um papel muito importante das próprias empresas.

O plano que agora está em consulta pública tem um conjunto de ações em que o consumo tem um papel importante, e está mais focado nos setores de atividade económica com potencial de crescimento, e "onde a semente da economia circular já está presente", relatou o ministro do Ambiente.

Visando incentivar as empresas, foi lançado um aviso do Fundo Ambiental para pagar o desenvolvimento de modelos de negócios circulares, no valor de um milhão de euros.