Esta posição foi assumida por António Costa em entrevista à Rádio Observador, que durou cerca de uma hora e que foi conduzida pelos jornalistas Miguel Pinheiro, Pedro Benavides e Rita Tavares.

Interrogado sobre a possibilidade de Mário Centeno poder ser diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), sucedendo à francesa Christine Lagarde, o líder do executivo nacional respondeu que não se trata de um objetivo fixado.

"Os objetivos que temos neste quadro situam-se no âmbito da União Europeia. A hipótese que está em cima da mesa relativamente ao FMI é uma hipótese que obviamente não podemos deixar de considerar, mas não era um objetivo que tivesse - e também sei que não era um objetivo de vida pessoal. Obviamente, estando em cima da mesa, vamos ver", disse.

O primeiro-ministro recusou-se depois a fazer "juízos de probabilidade" sobre a possibilidade de o ministro das Finanças suceder a Lagarde como diretor-geral do FMI e diferenciou esta questão das candidaturas de António Guterres ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas e da próprio Centeno ao lugar de presidente do Eurogrupo - estas, sim, "objetivos do país" no plano diplomático.

Já em relação à hipótese de Mário Centeno ocupar uma pasta na futura equipa da Comissão Europeia na área da gestão do euro, António Costa referiu que já teve uma conversa com a nova presidente, a germânica Ursula Von der Leyen, tendo então ficado acordado que "cada país apresentaria sempre dois nomes, um de cada género.

"Da nossa parte, foi dito [a Ursula Von der Leyen] quais as nossas preferências em matéria de responsabilidades na Comissão Europeia e que os nomes que apresentaríamos seria em função dos pelouros", esclareceu, adiantando que, para Portugal, "era importante ter alguém a assumir uma função na área dos fundos europeus ou do orçamento".

"Se o professor Mário Centeno continuar como ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, fará pouco sentido duplicar na Comissão Europeia a mesma área e seria mais interessante ficarmos numa área distinta. Mas, caso se concretize a hipótese de passar a ser diretor-geral do FMI, aí Portugal deixa de ter uma presença na reforma da zona euro, que é para nós absolutamente capital", alegou.

Neste ponto, o primeiro-ministro aproveitou então para referir que há quem entenda que Portugal deveria ter "uma presença forte na área da agricultura" e que há pelouros importantes como os da transição para a sociedade digital ou o do desafio das alterações climáticas.

Questionado se está já afastada a possibilidade de o ex-ministro e atual eurodeputado socialista Pedro Marques ser comissário europeu, António Costa rejeitou, contrapondo que se trata de "um excelente nome".

"Para algumas das funções, é mesmo a melhor pessoa para as poder desempenhar", respondeu, numa alusão à pasta da gestão dos fundos europeus.