Estes dados, resultantes dos 12 inquéritos mensais feitos entre março de 2020 e fevereiro de 2021 junto dos associados da AHRESP, num total de mais de 13 mil respostas (média de 1.200/1.300 respostas válidas por cada inquérito), foram apresentados pelo diretor do gabinete económico da associação em audição na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, conjunta com a Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia e do processo de recuperação económica e social.
De acordo com Pedro Carvalho, no último ano, em média, 40% das empresas de restauração e similares reportaram quebras de faturação mensais homólogas acima dos 80% e cerca de metade declarou não ter capacidade para suportar os seus encargos operacionais.
Como resultado, “durante os últimos 12 meses cerca de 36% das empresas de restauração demonstraram intenções de requerer o seu processo de insolvência, sendo que mais de 46% não sabiam se iriam avançar com esta medida ou não”, avançou.
No que diz respeito ao pagamento de salários, “devido à quebra imensa da faturação registada durante o período de um ano” mais de 17% das empresas de restauração e similares afirmaram que, ao longo dos vários meses, não conseguiram pagar os salários aos seus trabalhadores e 14% disse ter pagado apenas uma parte.
“Ou seja, mais de 30% dos trabalhadores ou não recebeu o seu salário, ou apenas recebeu uma parte ao longo dos últimos 12 meses”, salientou o diretor do gabinete económico da AHRESP.
Em matéria de emprego, a análise da associação demonstra que “após o período de verão, a partir do mês de setembro, houve uma intensificação dos despedimentos”, sendo que, em média, ao longo do ano de pandemia 27% das empresas restauração e similares já efetuaram despedimentos.
No setor do alojamento turístico, a AHRESP diz que “o cenário tem exatamente a mesma dimensão”.
“Em termos de ocupação, em média nos últimos 12 meses mais de 30% das empresas identificaram não ter tido qualquer ocupação nos seus estabelecimentos e 27% tiveram uma ocupação máxima até 10%”, disse Pedro Carvalho.
Já ao nível da faturação, numa média mensal dos últimos 12 meses, 61% das empresas de alojamento turístico tiveram quebras acima dos 80%.
No que toca à capacidade para suportarem encargos, 30% das empresas referiram que não tiveram capacidade para o fazer, o que se refletiu também nas insolvências: 17% das empresas indicavam ter intenção de recorrer a este mecanismo.
Já nos salários, a situação no alojamento turístico “foi mais agravada do que na restauração”, com 26% do setor a indicar que, ao longo do último ano, não conseguiu pagar salários aos seus trabalhadores e 9% a afirmar que apenas pagou uma parte.
No que refere a despedimentos, 18% indicou já ter tido de os fazer desde o início da pandemia.
Comentários