“Já fizemos chegar ao Governo algumas medidas que consideramos essenciais para o setor, entre as quais o alargamento do ‘lay-off’, a suspensão do pagamento do Imposto Único de Circulação e das taxas aplicadas nos parques da ANA [Aeroportos e Navegação Aérea]”, disse à agência Lusa Armando Santana, presidente da ARA.
De acordo com o dirigente, as empresas do setor “estão a enfrentar uma crise sem precedentes na região”, motivada pela pandemia da covid-19, “com as frotas das cerca de 46 empresas regionais praticamente paradas há dois meses”.
“Atualmente, apenas 5% a 6% de seis por cento da frota está a funcionar, devido a contratos com empresas e entidades”, frisou, acrescentando que ainda não é possível contabilizar os prejuízos causados pela paragem, embora estime que os mesmos possam ascender a milhões de euros.
“Estávamos a sair de uma época baixa com boas perspetivas para a qual as empresas fizeram investimentos para aumentarem a frota, com a aquisição de novas viaturas, custos esses que terão de ser pagos consoante os modelos que as empresas contratualizaram”, referiu.
Perante as repercussões que o surto do novo coronavírus está a ter no turismo, setor do qual dependem os alugueres das viaturas, a ARA pediu ao Governo “o alargamento do ‘lay-off’ para mais meses, uma medida importante para que se possam manter os cerca de 1.500 postos de trabalho no setor”, na região.
“Existe um universo de 1.500 trabalhadores efetivos e também um número largo de centenas de trabalhadores sazonais, cujos postos de trabalho podem ser assegurados com o alargamento do ‘lay-off’”, sublinhou Armando Santana.
Na opinião do dirigente, como não se perspetiva que o turismo retome a normalidade este ano, existem outras medidas “essenciais para aliviar economicamente as empresas, como a suspensão do pagamento do IUC [Imposto Único de Circulação]”.
“Não queremos a isenção, mas sim, a suspensão temporária do pagamento do imposto ao Estado, suspensão essa que pudesse vigorar até que as empresas transacionassem as viaturas para o mercado e aquando do averbamento do novo dono”, frisou.
Para Armando Santana, trata-se apenas de “um adiamento da receita para o Estado, pois este nunca seria prejudicado, acabando sempre por receber o IUC referente a todas as viaturas”.
Para além da suspensão do pagamento do IUC, os empresários querem também a suspensão dos pagamentos por conta e especial por conta, uma vez que não se prevê que as empresas apresentem lucros este ano.
“Perante a realidade atual, é quase certo que as empresas apresentem prejuízos. Daí não fazerem sentido os pagamentos por conta”, argumentou aquele responsável.
Para aliviar os encargos financeiros, a ARA pediu também ao Governo que fossem suspensas as taxas aplicadas nos parques da ANA, para que as empresas ali pudessem parquear as viaturas.
“Como as frotas estão paradas e as empresas têm parques com capacidade limitada e os milhares de viaturas não podem ficar estacionadas na via pública, sugerimos que fossem suspensas as taxas cobradas pela ANA nos parques de estacionamento junto ao aeroporto de Faro”, sublinhou.
Segundo Armando Santana, as medidas propostas pelos empresários das rent-a-car do Algarve, “são exequíveis e ajudavam a ultrapassar a crise no setor”.
No Algarve existem 46 empresas regionais de rent-a-car, número que não inclui as empresas multinacionais do setor que também operam na região.
Armando Santana disse que o setor das rent-a-car olha para o futuro com muita apreensão, face às dúvidas que existem quanto à recuperação do turismo no país, e em especial no Algarve, setor do qual dependem.
“Acredito que este ano se possa recuperar alguma coisa no turismo, essencialmente ao nível do mercado nacional, e não do mercado estrangeiro, que são os nossos principais clientes”, concluiu.
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