Questionada sobre se admite rever o 'rating' português no próximo ano, depois de a DBRS ter confirmado na sexta-feira a avaliação em BBB (baixo) e a perspetiva em estável, Adriana Alvarado afirmou que "isso é algo que [a DBRS] vai analisar na próxima avaliação".

A economista acrescentou que "Portugal tem feito progressos importantes" e que "pode ir nessa direção se os desenvolvimentos favoráveis continuarem", salvaguardando, no entanto, que não há nenhuma decisão tomada neste sentido.

Em entrevista telefónica à Lusa, a responsável pelo departamento de 'ratings' soberanos da agência canadiana afirmou que, "se a melhoria nas finanças públicas e no crescimento económico for sustentada e resultar numa trajetória descendente na dívida pública, isso pode ser bom para o 'rating'".

Além disso, para melhorar a nota atribuída a Portugal, a agência também precisa de ver "um progresso mais sustentado na redução dos créditos malparados".
De acordo com o calendário para as decisões sobre os 'ratings' soberanos, a DBRS não voltará a pronunciar-se sobre Portugal este ano e não está ainda disponível o calendário para 2018.

Relativamente a esta matéria, a economia considera que a plataforma de gestão comum dos créditos em incumprimento "é um passo positivo, uma iniciativa boa dos bancos [que] deverá ajudar a acelerar a recuperação do malparado", mas entende que "não é provável que seja um agente de mudança".

É que "os riscos vão continuar nos balanços dos bancos" e, por isso, "a situação não deverá mudar significativamente em resultado da plataforma do malparado", argumentou, sublinhando, no entanto, que, "no geral, é bom para o setor bancário como um todo".

O desempenho da economia é outro aspeto apontado por Adriana Alvarado, que considera que, no curto prazo, "a perspetiva é forte" mas que, no longo prazo, "há alguma incerteza sobre a força do crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] e isto é assim por causa do crescimento potencial relativamente fraco".

Sublinhando que o Governo está mais otimista no médio prazo (aponta para crescimentos em torno dos 2%) do que o FMI (que aponta para cerca de 1,3%), a economista da DBRS admite que "as perspetivas do crescimento no longo prazo podem reforçar-se se o investimento continuar a crescer num ritmo sustentável e se a produtividade do trabalho melhorar".

Finalmente, na frente orçamental, Adriana Alvarado diz que a DBRS, "neste momento, não tem nenhuma preocupação em relação à consolidação orçamental" até porque "as pressões orçamentais agora são menores do que eram no passado e isso deve-se ao bom desempenho da economia e também aos esforços em curso do Governo para conter a despesa pública".

Contudo, mais uma vez vê "alguns riscos nas perspetivas orçamentais no longo prazo", que estão "relacionados com a manutenção a despesa em controlo sobretudo porque algumas medidas de austeridade foram revertidas", nomeadamente em relação às pensões mas também ao regresso das 35 horas de trabalho semanais na função pública e à reposição da progressão nas carreiras.

Apesar disso, Adriana Alvarado refere que "a consolidação orçamental continua" em Portugal e que a questão é "manter o ajustamento" ao longo do tempo.