Primeiro que tudo, o que é um índice bolsista? Ora, um índice representa, de forma simplista, o valor médio das ações de um conjunto selecionado de empresas (que normalmente representam um determinado mercado ou setor).

Exemplifiquemos: o PSI-20 (índice que espelha a evolução bolsista nas principais empresas portuguesas) “se hoje estiver a subir 1%, significa que em média as (...) maiores empresas portuguesas estão a subir 1%. Há umas que vão estar a subir mais, há umas que vão estar a subir menos, há umas que provavelmente até vão estar a cair, mas a média é exatamente 1%” de valorização, diz-nos Bruno Janeiro, analista da Activotrade, plataforma onde é possível negociar em bolsa.

Assim, é possível afirmar que um índice existe para podermos fazer “paralelismos ou comparações entre o comportamento e a evolução dos diversos países, em termos mundiais”, prossegue o especialista.

Mas voltemos, então, ao Dow Jones. Criado em 1886 por Charles Dow, editor do jornal financeiro The Wall Street Journal, é o segundo índice mais antigo do mundo e é composto pela referida média das ações de 30 das maiores empresas americanas (simplificando, uma vez que a forma de cálculo é um pouco mais complexa). Em termos práticos, o Dow Jones simboliza a evolução bolsista do valor das ações dessas 30 empresas, ou seja, se as ações valorizam ou desvalorizam.

Ora, sendo a economia americana uma das principais economias mundiais, é justo dizer que o Dow Jones é uma boa referência no que toca a aferir a “saúde” das empresas americanas, tendo como “amostra” as tais 30 grandes empresas, grupo do qual fazem parte nomes como a tecnológica Apple, a farmacêutica Pfizer ou a financeira JP Morgan.

20.000 pontos – e então?

Esclarecido o “Dow Jones”, falta agora explicar o que ontem foi notícia: qual o significado do recorde de 20.000 pontos ontem alcançado? “É um valor simbólico”, diz Bruno Janeiro, “um valor psicológico” e que “nunca antes tinha sido atingido”. Estas 30 empresas “nunca valeram tanto como valem atualmente”, refere o analista.

O facto da cotação se encontrar em valores recorde revela que, atualmente, a situação económica nos EUA “encontra-se num ciclo expansionista” e numa “fase saudável”, prossegue Bruno Janeiro.

Mas a que se devem estes números históricos? É possível falar num “efeito Trump”? “Na minha opinião, não é disso que se trata”, diz-nos analista da Activotrade. O chamado “rally Trump” (movimento de crescimento nos índices bolsistas depois da vitória do magnata americano nas presidenciais dos EUA) começou em novembro, depois de se conhecer o desfecho das eleições, impulsionada pelas suas promessas de “redução de impostos” e de “investimento em infraestruturas”. Contudo, se observarmos o que se passou durante as primeiras semanas de 2017, constatamos que essa “tendência terminou”, refere o especialista.

Então se não é Trump, o que motivou estes máximos históricos do índice americano? Na opinião de Bruno Janeiro, deveu-se sobretudo “à época de apresentação de resultados” das empresas americanas, que têm, “na sua generalidade, superado as estimativas dos analistas”. “São as empresas, ao fim ao cabo, que fazem os índices flutuar” e se as mesmas “estão a apresentar resultados melhores que o estimado e, por conseguinte, fazem com que exista mais interesse em comprar” as suas ações , tal também faz com “que os índices acabem por valorizar”, termina.