“Parece-me seguro que conseguiremos alcançar os níveis de 2019 ainda no primeiro semestre de 2022. Atrasados relativamente à média europeia, mas ainda assim melhor do que se esperava há umas semanas”, disse o economista e professor catedrático do ISEG João Duque.
Também Francisca Guedes de Oliveira, economista e professora na Católica Porto Business School, antecipa o cenário como viável, justificando que “os dados do último trimestre de 2021 reforçam esta ideia”, uma vez que “com 5,8% em termos homólogos e 1,6% em cadeia estamos a falar de uma das taxas de crescimento mais elevado da União Europeia”.
“Mais ainda, este resultado deriva de um acelerar das exportações, o que é, sem dúvida, um sinal muito positivo para o que poderá vir em 2022”, considera.
Já Gonçalo Pina, economista e professor da ESCP Business School, estima 60% de probabilidade de tal acontecer. “Se não superar os níveis pré-pandemia andará muito perto disso (30% de probabilidade)”, acrescenta, admitindo 10% de probabilidade de ocorrer um choque maior, como, por exemplo, uma variante nova que feche a economia novamente.
“A economia cresceu mais do que o esperado no último trimestre. Sabemos que, em média, economias com taxas de vacinação mais elevadas têm superado as expectativas de crescimento económico. A vacinação poderá ter contribuído através de maior procura interna — e em parte externa”, explica o professor universitário.
Por seu lado, Luís Tavares Bravo, economista e administrador do ‘think tank’ (grupo de reflexão) International Affairs Network, sublinha que “Portugal tem sido um dos países da União Europeia onde a recuperação económica para níveis de pré-pandemia tem sido mais lentos, facto ao qual não é alheio o desequilíbrio estrutural da economia portuguesa, e, por exemplo, pela excessiva dependência que país tem de forma direta e indireta do setor do turismo”.
No entanto, e ainda que admita riscos, “como os geopolíticos recentes, ou a manutenção dos gargalos económicos ligados à produção (sobretudo no setor auto)”, antecipa que “à partida essa será uma possibilidade real”, recordando que “existe essa expectativa de que todos os países da União Europeia, sendo uma probabilidade que aumentará também, num momento de reabertura da economia”, de pós-eleições e que a “aprovação do OE 2022 [Orçamento do Estado para 2022] poderá ser célere”.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou, em 31 de janeiro, que a economia portuguesa cresceu 4,9% em 2021, tendo no quarto trimestre o PIB registado uma expansão de 5,8% em termos homólogos e 1,6% em cadeia.
Em reação aos dados, o Ministério das Finanças frisou que “esta evolução do PIB reforça a confiança na continuação da rápida recuperação da economia portuguesa durante o ano de 2022, antecipando-se que se possa ultrapassar o nível pré-pandemia já no 1.º semestre e inclusivamente superar as estimativas do Governo para este ano, de 5,5%”.
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