“Mantemos a manifestação [em Lisboa], vamos reivindicar uma solução para todos, temos dois produtos que ainda não têm solução”, disse à Lusa Helena Batista, vice-presidente da Associação Movimento Emigrantes Lesados Portugueses (AMELP), referindo-se ao facto de ainda não existir uma solução fechada para os clientes que investiram mais de 140 milhões de euros nos produtos EG Premium e Euro Aforro 10.

A associação que representa os emigrantes lesados pelo Banco Espírito Santo (BES) anunciou hoje o acordo conseguido terça-feira com o Novo Banco e o Governo, que passa pela recuperação de 75% do dinheiro investido dos produtos Euro Aforro 8, Poupança Plus 1, Poupança Plus 5, Poupança Plus 6, Top Renda 4, Top Renda 5, Top Renda 6 e Top Renda 7.

Já para os clientes dos produtos Euro Aforro 10 e EG Premium, a AMELP explicou que o Novo Banco e o Governo deram a garantia de que também haverá uma solução, mas que está ainda a ser trabalhada.

Os emigrantes que aceitarem estas propostas terão de desistir das ações judiciais contra o Novo Banco e seus trabalhadores.

Segundo Helena Batista, a manifestação de dia 11 de agosto decorrerá “de forma pacífica” e será para reivindicar uma solução para os lesados que ainda não a têm fechada, uma vez que o objetivo da AMELP é que haja proposta para todos.

Inicialmente estava previsto o protesto ser também em São Bento, frente à residência oficial do primeiro-ministro, mas uma vez que o Governo se tem mostrado empenhado numa solução, já não acontecerá, explicou.

Após a resolução do BES, em 03 de agosto de 2014, cerca de 8.000 emigrantes de França e Suíça (o equivalente a 12 mil contas, uma vez que há clientes que têm mais do que uma conta) vieram reclamar mais de 720 milhões de euros, acusando o banco de lhes ter vendido produtos arriscados (ações de sociedades veículo), quando lhes tinha dito que se tratavam de depósitos a prazo para não residentes.

A responsabilidade sobre estes produtos ficou no Novo Banco – o banco de transição então criado -, que fez, em 2015, aos emigrantes (dos produtos Poupança Plus, Euro Aforro e Top Renda) uma proposta comercial, que teve a aceitação de cerca 80% do total, que detinham em conjunto 500 milhões de euros.

No entanto, houve 1.440 clientes que não aceitaram a solução, por considerarem que não se adequava ao seu perfil e não era justa, sobretudo por incorporar obrigações do Novo Banco com vencimento apenas daqui a 30 anos e sem cupão anual.

A solução agora encontrada para recuperação do investimento aplica-se aos 1.440 clientes que não aceitaram a proposta do Novo Banco de 2015.

Quanto aos mais de 6.000 clientes que aceitaram a proposta de há dois anos, fontes das negociações disseram à Lusa que o Novo Banco deverá trocar por capital as obrigações que tinham vencimento em 2049 e 2051, a ser colocado em depósitos a prazo, ainda que com perdas.

Ainda quanto à proposta do Novo Banco em 2015, então a entidade não apresentou qualquer proposta aos cerca de 1.800 clientes dos produtos EG Premium e Euro Aforro10, argumentando que tal não era possível devido à complexidade dos instrumentos financeiros abrangidos.

É para estes produtos que a AMELP disse hoje que obteve do Novo Banco e do Governo a garantia de que haverá solução, mas sem detalhes, nomeadamente quanto à percentagem de recuperação do investimento.

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