“Promovemos e estamos promovendo a iniciativa brasileira para o estabelecimento de um acordo mínimo global para um imposto sobre os bilionários”, disse Cuerpo, numa conferência de imprensa após uma reunião bilateral, na capital italiana, com o ministro das Finanças brasileiro, Fernando Haddad, em que ambos discutiram as principais questões que o Brasil está a gerir durante a sua presidência do G-20.

Segundo o ministro espanhol, o objetivo é alcançar um “crescimento mais equitativo” a nível mundial e o G-20 constitui o quadro adequado para alcançar este acordo de uma “tributação justa”, que “seria um passo em frente no que diz respeito à valorização de grandes fortunas”.

Cuerpo destacou ainda que este potencial acordo marcaria um “elemento de coesão social que é fundamental” para “um crescimento mais sustentável para fortalecer as democracias” e para contribuir para “a luta contra a desigualdade”.

Na reunião, os dois ministros discutiram também como “fortalecer a arquitetura financeira internacional”, algo em que consideraram que deveria haver mais mecanismos de poder multilateral, ao mesmo tempo que abordaram os desafios existentes criados pela crise da dívida dos países em desenvolvimento.

Este mesmo tema será abordado quarta-feira num fórum sobre o tema, na Cidade do Vaticano, no qual também participarão especialistas e académicos.

Em relação ao imposto sobre os super-ricos, Haddad destacou que é “um tema de grande relevância” que o Brasil tem conseguido colocar na agenda mundial e garantiu que, independentemente de conseguir estabelecê-lo ou não, “fará com que seja falado no futuro”.

O ministro brasileiro mencionou a reunião com Cuerpo numa mensagem publicada na rede social X, na qual destacou as negociações de um acordo de comércio entre a União Europeia e o Mercado Comum do Sul (Mercosul), bloco fundado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, destacando que “a aproximação entre Brasil e Espanha, América do Sul e União Europeia é de interesse mútuo”.

“São economias complementares que podem gerar parcerias comerciais e estratégicas do ponto de vista ambiental, da defesa da democracia e da justiça tributária e social”, completou.

Sobre as negociações do acordo entre os blocos, que não tem conseguido avançar devido a resistências internas em ambos os blocos, Cuerpo frisou ”o desejo conjunto” de Espanha e do Brasil de que este acordo se concretize, e garantiu que ambos os países pretendem participar ativamente em tal iniciativa, para que represente “o maior acordo comercial do mundo”.

“Estamos conscientes da importância que o acordo pode ter” entre o espaço europeu e o latino-americano, afirmou o ministro espanhol.

O Brasil, que ocupa este ano a presidência do G20, convidou Portugal, Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores do G20.

Portugal estará presente em mais de 100 reuniões dos grupos de trabalho, em nível técnico e ministerial, em cinco regiões brasileiras, culminando a presidência brasileira com a Cimeira de chefes de Estado e de Governo, no Rio de Janeiro, em 18 e 19 de novembro.