Os transportes públicos continuam com fortes perturbações esta terça-feira em França, no sexto dia de greve contra a revisão das pensões de reforma e em vésperas do anúncio do projeto final do governo.

Os principais afetados pela greve dos transportes são os moradores da região de Paris: nove linhas do metro permanecem fechadas e apenas um quarto dos autocarros está em circulação.

O prolongamento da greve, que começou na quinta-feira, foi votado pelo menos até quarta-feira. "A semana está morta", resumiu Thierry Babec, da Unsa RATP, maior sindicato do metro de Paris.

Face à grave dos controladores de tráfego aéreo, a Air France teve que cancelar 25% dos voos domésticos e 10% dos voos de médio curso.

Na SNCF (operadora ferroviária), com apenas 20% dos comboios de alta velocidade a operar, a situação será "difícil até o final da semana", segundo a operadora.

"Apanhei um autocarro para ir trabalhar, ao invés do comboio, como tenho feito nos últimos dias", explicou Marie-Cécile Durand, que mora na periferia de Bordeaux.

Na estação de Saint-Charles, em Marselha, Slim, gerente de um quiosque, apoia o movimento, apesar dos prejuízos. "A minha família e amigos, todos trabalham, mas mesmo assim passam por dificuldades", conta, "portanto, se continuar difícil depois da aposentadoria, não será aceitável".

Neste novo dia de mobilização, escolas e creches também serão perturbadas, com uma taxa de adesão à greve de 12,5% nas escolas em média, 35% em Paris, de acordo com o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer.

Sete das oito refinarias francesas estavam paradas esta terça-feira, segundo o sindicato CGT. "São refinarias Esso e Total", afirmou o secretário-geral da CGT Química, Emmanuel Lépine. Apenas uma refinaria, a Esso de Notre-Dame de Gravenchon, no norte do país, não estava parada.

A greve nas refinarias, que já foram bloqueadas no primeiro dia de mobilização nacional na última quinta-feira, pode continuar nos próximos dias, gerando temores de escassez de combustível.

"Vamos manter o contacto telefónico depois dos anúncios de Edouard Philippe [o primeiro-ministro de França] na quarta-feira para decidir" sobre a continuidade do movimento, disse Lépine.

A CGT, um dos principais sindicatos do país, desafiou os funcionários da empresa elétrica francesa, EDF, a ir às ruas na tarde desta terça-feira.

E é nas ruas que os sindicatos esperam fazer uma nova demonstração de força, depois de um dia de mobilização a 5 de dezembro que reuniu 800.000 manifestantes em todo o país, segundo o ministério do Interior (1,5 milhão segundo o sindicato SGC).

"Eu sei que a mobilização será forte, ainda mais forte do que as 800.000 da semana passada", disse na segunda-feira o secretário-geral do sindicato FO, Yves Veyrier.

"Esta terça-feira será a grande onda", acrescentou o líder do partido França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon.

A aposta: fazer com que o governo desista de implementar um "sistema universal" por pontos que substituiria os 42 atuais sistemas de reformas e criaria um sistema "mais justo", de acordo com o presidente Emmanuel Macron.

Aqueles que se opõem ao projeto, temem uma "precarização" para os aposentados.

Frédéric Sève, do CFDT, o único sindicato favorável a um sistema universal, "o essencial será disputado na quarta-feira" com os anúncios do primeiro-ministro Edouard Philippe.

O primeiro-ministro falará ao meio-dia e depois às 20h00 no canal TF1.

Uma reunião final está marcada para terça-feira à noite no palácio presidencial, onde Emmanuel Macron se reunirá os ministros envolvidos e os quadros da maioria.

Enquanto isso, está planeada uma reunião de vários sindicatos no final da manifestação de Paris, que começou hoje às 13h30 (hora local) e um novo dia de mobilização na quinta-feira "já está em reflexão", segundo os sindicatos CGT e FO.