"Acho que isto tem a ver com medidas que o Estado chinês tomou no verão, que visavam, de alguma forma, regulamentar o grau de alavancagem destas empresas imobiliárias, de alguma forma para proteger o retalho chinês e a população em geral destas tendências especulativas", começou por explicar à Lusa.
Posteriormente, o também professor universitário considerou que "essas limitações é que tiveram impacto na Evergrande", e que "o Estado chinês estará pronto para lidar com o problema".
"Tem capacidade suficiente para lidar com o problema internamente", disse hoje à Lusa.
"Claramente, o Estado chinês está a tentar lidar com alguns problemas que estavam a aparecer e que afetavam a população como um todo, e que estavam a aparecer com o grau de crescimento económico muito elevado que têm tido", explanou.
João Moreira Rato também disse que "o mercado imobiliário, com os seus níveis de alavancagem, e com o historial de crises que aí originaram, inclusive a crise de 2008, tende a que se, em geral, na comunicação social, possa surgir algum alarmismo".
"Mas eu diria que não há grandes razões para alarmismos", reforçou.
Quanto à exposição dos mercados financeiros ocidentais à Evergrande, o antigo presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP disse que "acontece através de fundos de investimento que provavelmente têm alguns investimentos na China e que vão perder algum dinheiro nesses investimentos".
No entanto, João Moreira Rato disse também que "são perdas que no meio da valorização dos ativos que tem acontecido este ano, passam facilmente despercebidas".
"Quem tem fundos expostos ao Nasdaq está a ganhar 15%, ao S&P 19% ou 17%, pode facilmente acomodar estar a perder, mais ou menos em casa, nos fundos de mercados emergentes – Ásia – a que estão expostos", referiu.
"Não vejo daí advir um grande problema para os mercados financeiros ocidentais", concluiu.
Os investidores mostraram na terça-feira menor receio em relação a um impacto global da crise na imobiliária chinesa Evergrande, dado que o risco de contágio financeiro parece limitado.
O promotor imobiliário chinês tem uma dívida estimada em cerca de 300 mil milhões de dólares (256 mil milhões de euros) e esta com dificuldade em honrar os seus compromissos, o que faz recear a sua bancarrota.
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