Em conferência de imprensa em Bruxelas, após a conclusão da reunião dos ministros das Finanças do espaço da moeda única, e referindo-se às conclusões da segunda missão de supervisão reforçada à Grécia, Mário Centeno reconheceu que ainda há “pontos cujos detalhes precisam de ser ultimados”.
“Se todos os compromissos de reforma [assumidos pelo Governo grego] forem cumpridos, o Eurogrupo considerará em abril a implementação de medidas adicionais de alívio da dívida, previstas na nossa reunião de junho”, elucidou.
Inicialmente, a Comissão Europeia esperava que a Grécia colocasse em prática as 16 reformas setoriais, acordadas com os seus credores, até 11 de março, de modo a desembolsar uma verba de mil milhões de euros para aliviar a dívida daquele país, o que não aconteceu.
Questionado sobre se a Grécia poderia perder estes fundos, Centeno esclareceu que esse cenário não se coloca e defendeu mesmo que “não há motivos para [os gregos] se apressarem”.
O tom otimista foi usado também pelo comissário dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, que considerou que a Grécia “fez muito bons progressos”.
“Estamos próximos de um acordo sobre o pacote de reformas. A maior parte delas já foi posta em prática e as discussões continuam de forma construtiva sobre as poucas medidas que restam alcançar”, prosseguiu, dando um enfoque particular à elaboração de legislação que protege as primeiras habitações em caso de insolvência.
Moscovici mostrou-se convicto de que “uma conclusão sobre os pontos que permanecem em aberto em cima da mesa pode acontecer nos próximos dias, de modo a permitir ao Eurogrupo decidir formalmente o desembolso da verba na próxima reunião do Eurogrupo, no início do abril”.
O comissário francês já tinha revelado, à entrada da reunião do Eurogrupo, que a Grécia cumpriu apenas 13 das 16 reformas acordadas com os credores.
A Comissão Europeia apresentou hoje informações ao fórum dos ministros das Finanças sobre as principais conclusões da segunda missão de supervisão reforçada à Grécia, que concretizou, em 20 de agosto, a saída do seu terceiro programa de assistência.
A Grécia, o país europeu mais atingido pela crise económica e financeira, foi o primeiro e último a pedir assistência financeira – e o único “reincidente” –, e a conclusão do seu terceiro programa assinalou também o fim do ciclo de resgates a países do euro iniciado em 2010, e que abrangeu igualmente Portugal (2011-2014), Irlanda, Espanha e Chipre.
Face às características únicas da (tripla) assistência prestada ao país e às fragilidades que a sua economia ainda revelava, a Grécia foi e será alvo de uma “vigilância pós-programa reforçada”, com missões de três em três meses, para garantir que Atenas prossegue, nesta nova era pós-resgates, uma “política orçamental prudente”.
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