De acordo com um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os acionistas aprovaram os sete pontos previstos na assembleia-geral, entre os quais a proposta de aplicação de resultados do exercício de 2019, onde está incluída a distribuição de 318,2 milhões de euros, correspondente a cerca de 0,38 euros por ação.

Este montante acresce aos 262,3 milhões de euros, correspondente a cerca de 0,32 euros por ação, pagos a título de adiantamento sobre lucros do exercício em setembro de 2019, o que eleva para 580,5 milhões de euros o valor a distribuir pelos acionistas da Galp Energia, correspondente a 0,70 euros por ação.

A proposta de distribuição de dividendo acontece depois de a petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva ter anunciado a suspensão da atividade durante pelo menos um mês na refinaria de Sines, distrito de Setúbal, a partir de 04 de maio, depois de já ter parado a fábrica de combustíveis na refinaria da Matosinhos, no Porto, por impossibilidade de escoar os produtos produzidos, na sequência da redução do consumo provocado pela pandemia de covid-19.

Recentemente, a federação intersindical das empresas de energia defendeu que, se a Galp dispõe de liquidez para pagar dividendos, "a empresa tem condições mais do que suficientes para pôr os trabalhadores em casa e manter os salários".

Em declarações à Lusa, Manuel Bravo, da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Impressa, Energia e Minas (Fiequimetal), sublinhou que, ao distribuir dividendos, a petrolífera fica impedida de recorrer ao regime de ‘lay-off’ (redução do horário do trabalho ou suspensão dos contratos) simplificado.

Em causa, estão cerca de 1.000 postos de trabalho diretos, 500 na refinaria de Sines e 500 na de Matosinhos, que pertencem, maioritariamente, aos quadros da empresa.

A este universo acrescem os colaboradores das empresas que prestam serviços para a Galp.

Na assembleia-geral de hoje foram também aprovados o relatório de gestão, as contas individuais e consolidadas, a declaração de remunerações dos órgãos de administração, fiscalização e dos membros da assembleia-geral, bem como a autorização ao Conselho de Administração para a compra e venda de ações e obrigações próprias e de outros valores imobiliários próprios representativos de dívida.

O Estado português é o segundo maior acionista da Galp, depois da Amorim Energia (33,34%), com uma participação de 7,48%, detida através da Parpública, a que corresponde um dividendo de cerca de 23,6 milhões de euros.

Na sessão de hoje da bolsa, as ações da Galp cederam 0,13% para 9,41 euros.